Recomendo vivamente a série Otomanos, na Netflix, rodada em duas temporadas, que espero que tenham continuação.
A primeira temporada incide sobre a queda de Constantinopla e a segunda sobre a invasão da Valáquia pelos Otomanos no século XV.
Relativamente à tomada de Constantinopla, esta consumou-se devido essencialmente, a uma potência dum grande canhão, uma peça de artilharia, que só os Otomanos possuíam, capacidade militar que se revelou decisiva na tomada da cidade, ou seja, foi essencialmente devido a uma inovação tecnológica de vulto para a época, que só os Otomanos possuíam, que lhes permitiu provocar brechas na até então, impenetrável muralha defensiva da cidade, aliado a uma incrível manobra, táctica, que a terra colocou parte da marinha otomana a navegar perto da mesma muralha, a manobra arriscada mas inédita, que permitiu ultrapassar os obstáculos que impediam o acesso por mar às muralhas da cidade permitindo que se tomasse a cidade de surpresa.
Nesta operação, que consumou a queda do Império Romano do Oriente, os Cristãos limitaram-se a defender e a esperar por reforços aliados, que não chegaram.
Na segunda temporada da série, a Invasão da Valáquia, território na atual Roménia, por parte dos Otomanos, surge na sequência da insubordinação do príncipe Vlad, que se quis declarar independente, em relação ao Sultão, ou seja, quis que a Valônia deixasse de ser um estado-vassalo do Império Otomano.
O Principe Vlad, o Dracula como ficou conhecido, liderando um pequeno exército contra a potência militar da altura, e sem aliados, que lhe falharam, conseguiu conduzir uma guerra híbrida, em que combateu de forma regular, e irregular, infringindo pesadas perdas ao exército Otomano, que com a sua enorme superioridade numérica aliada ao domínio da artilharia, conseguiu, no final, apesar de tudo, ganhar a guerra e colocar no governo da Valáquia um príncipe seu aliado, irmão de Vlad, que lhe jurou vassalagem.
Em ambas as guerras o domínio das novas tecnologias, artilharia, foi determinante, para o sucesso Otomano, e em ambas os aliados não se quiseram envolver, permitindo ao seu inimigo Otomano alargar o seu poder.
Da tomada de Constantinopla, podemos ainda enfatizar que a defesa, por si só, de um território não é suficiente para ganhar uma guerra, ou seja, se esta não for conjugada com ações ofensivas de contra-ataque.
Estas conclusões são válidas para as guerras atuais e muito em especial para a invasão da Ucrânia, em que os aliados têm que continuar a fornecer mais e melhores sistemas de armas, mais desenvolvidas tecnologicamente, que permitam aos ucranianos atacar de surpresa os russos, inclusive no seu território, caso contrário Putin vence a guerra.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
Adicionar comentário