Na guerra do Ultramar, os pelotões do exército, caminhavam a maioria das vezes, em caminho plantado por minas e existia uma constante hipótese de emboscada do inimigo que provocava por norma grande, ou hiper atenção, para todos os sentidos, numa vontade de ultrapassar com vida um episódio que nada tinha de agradável nem de “alto dever” com uma pátria que nunca, ou nada deu, à grande maioria daqueles que foram obrigados a ir à guerra e a morrer em terras distantes.
Este assunto não é agora oportuno para ser falado, pois a ideia base deste escrito é a morte. E quanto à morte na guerra do Ultramar, o que de facto me espanta, e acontece o mesmo com este ataque do Coronavirus, é a sorte tirada dum chapéu qualquer com umas rifas numeradas, para saber quem vai morrer.
Na guerra, em fila armada, o importante não era pisar uma mina já…mas já era o golo do Benfica num relato ouvido numa telefonia a pilhas, a que se chamava transístor, transportada por um dos combatentes com auricular.
Morrer seria sempre problema do outro…tal como deste Virus macabro, que apesar de mortal é encarado sempre por estar a matar os outros, ao longe ou a uma distância certa, que não acerta nem a um amigo, ou a um conhecido. E quando isso acontecer, mesmo assim, ainda não é connosco.
Somos assim.
Tudo serviu, em tempos, para justificar não ir à missa de corpo presente e funeral, e agora como tal não é permitido, protesta-se por essa ausência.
O não haver o contacto com o caixão aberto, flores , discursos amigos, é folclore para alguns e ultimo adeus sentido para outros.
Assim se pensa, e assim é a vida mesmo em clausura forçada.
Helder Martins
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