Três meses de guerra, três meses da destruição total dum país, em que os russos têm tido um elevado número de perdas para alguns, ainda poucos, ganhos territoriais.
As falhas da Rússia, a nível operacional, foram essencialmente e numa primeira fase uma grande falha ao nível dos Serviços de Informações, que redundaram numa grande derrota militar na impossibilidade de conquistar Kiev.
A tática utilizada de Blitzkrieg usada pelos alemães ma II Guerra Mundial, quando o carro de combate era o rei incontestado das batalhas, em que se aproveitava a sua velocidade, poder de choque, e a sua massa para tudo vencer, numa guerra relâmpago, não era repetível no Século XXI o século das tecnologias em que o campo de batalha tem várias dimensões, tendo que se combater em todas essas dimensões, havendo necessidade de as combater integradamente para potenciar os seus efeitos, um “Full Dimension Operations Battlefield”, que conjugadas com os outros fatores duma guerra híbrida conduzirão ao sucesso.
Na segunda fase da guerra não conseguiram ainda envolver as forças do Donbass por nenhum dos flancos, ou seja não têm tido sucesso na sua manobra, pois esta tem sido negada pelas forças ucranianas, tendo os russos estado a efetuar um ataque frontal, em três eixos no Donbass, procurando o ponto fraco da defesa ucraniana, que parece ser Severo Donetz, na tentativa de a partir daí conquistar Kromatorsk, Sloviansk, o objetivo em profundidade, que lhes permitiria a partir daí envolver os ucranianos.
A tática russa continua a ser a da utilização de mísseis e artilharia, destruindo tudo antes de lançarem o ataque, tática que tem tido algum sucesso, pois os ucranianos parece-me não terem artilharia suficiente para efetuarem eficazmente fogos do contrabateria.
Os russos estão a progredir devagar, pois parece não terem meios tecnologicamente superiores, nem os sabem utilizar, como é o caso da Força Aérea, que utilizam muito deficientemente no apoio ao combate, nem conseguem utilizar as outras dimensões do teatro, pelo que na prática estamos a assistir a uma guerra de trincheiras, com avanços imitados como na I GM.
Enfim, uma desgraça, em que está a haver milhares de mortos, numa guerra territorial sem sentido no seculo XXI.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
Adicionar comentário