Opinião

A legitimidade das democracias não reside só no voto

Jaime Nogueira Pinto, um dos nossos intelectuais de direita, escreveu recentemente num jornal nacional, um artigo interessante, intitulado “Que legitimidade” que, concluiu justificando a legitimidade das Democracias iliberais, conclusão a meu ver, completamente errada e um pouco forçada.

No seu artigo, fala dos pais do estado moderno, dando grande ênfase a Rousseau e ao contrato social, mas curiosamente, ou talvez não, esqueceu-se de referir Montesquieu e a separação de poderes, como a essência do Estado de direito e das democracias, pois esse equívoco intencional, não lhe dava jeito para a elaboração das conclusões.

O autor afirma que a legitimidade da democracia liberal, assenta exclusivamente no facto do povo ser chamado a eleições, sendo o seu veredicto soberano.

Baseado no pressuposto único de haver eleições, o autor justifica a existência e a legitimidade das democracias iliberais, como o caso da Hungria e da Polónia, pelo facto dos seus líderes populistas terem sido eleitos, mesmo que, posteriormente e em funções retirem autonomia ao sistema judiciário, desprezando portanto o legado de Montesquieu, um dos pilares básicos onde tem de assentar a democracia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva

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Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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