Geral Opinião

A importância do Qatar no conflito Afegão

O Qatar tem sido o local privilegiado da Diplomacia Ocidental, para lidar com os Talibans do Afeganistão, desde que Trump com estes assinou o Tratado de Evacuação, unilateralmente.

O Qatar, durante os últimos anos, tem sofrido um embargo económico por parte da Arábia Saudita e dos outros países do Golfo, alegadamente por causa do Canal de Televisão Al Jazeera que nele está sedeado, e dali emite e produz excelente informação independente, muito em especial relacionada com o Médio Oriente e Ásia, constituindo-se como um canal de referência para quem queira acompanhar a situação política da região.

A Arábia Saudita, empoleirada nos costumes, tudo fez para conseguir calar o canal, que muitas vezes não é favorável à sua política externa, criticando a forma com que os Saudis exercem o seu poder regionalmente, normalmente de forma violenta, de que é exemplo o assassinato de Kasoghi na Turquia e o financiamento do terrorismo internacional.

A tentativa de obrigar o Qatar a fechar a cadeia da Al Jazeera não teve sucesso, pois o país tem sabido tornear o embargo económico, feito novos aliados, dentre os quais realço Israel pelo facto de ter sido um dos primeiros países árabes a reconhecer o estado de Israel, malgrado o conflito Palestiniano continuar, e continuado o seu desenvolvimento e progresso, tendo sido palco de grandes eventos desportivos mundiais e vai ser palco do mundial de futebol.

A sua posição estratégica e o “Soft Power” diplomático, de atratibilidade de pessoas e de investidores, e de desenvolvimento sustentável, sem perder os seus referenciais e tradições, com que tem sabido atuar regional e internacionalmente, tornaram-no ora no país- chave, nesta fase de saída dos EUA e dos aliados no Afeganistão, tendo recebido e acolhido temporariamente milhares de Afegãos em fuga, e enviado uma primeira equipa de especialistas para operar o aeroporto de Cabul.

Doha hoje é uma cidade cosmopolita e palco da Diplomacia mundial, graças ao seu mérito, visão e coragem dos seus líderes, que encontraram novos caminhos para resistir ao embargo Saudita.

Bem-haja.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva