A guerra híbrida decorre em vários patamares político Diplomáticos, em que os dois blocos tentam cerrar-fileiras, o bloco Ocidental, com a Cimeira da UE, do G7 e da NATO, e o Russo com os BRICS, e uma tentativa de apelar aos povos africanos, que devem à Rússia a sua independência embora noutro contexto.
A Rússia de Putin precisa de apresentar resultados rápidos no campo operacional, para não se descredibilizar, nem descredibilizar o seu exército, quer internamente quer externamente, pois um regime autocrático só sobrevive pelo medo que provoca, uma vez que a sua coesão interna é muito fraca, e a sua afirmação externa, deriva quase exclusivamente do seu “Hard Power” e da dependência energética da Europa em relação ao gás.
A destituição dos generais em combate e a substituição por outros, foi a forma encontrada por Putin, para pressionar o seu exército a ter resultados rápidos em Severodonetsk e Lisishamsk, ao fazê-los obrigar soldados a combater corpo-a-corpo, algo que não estava a acontecer, mesmo que para o efeito seja necessário voltar a usar os velhos métodos das guerras napoleónicas, em que os soldados sabiam que se vacilassem e fugissem do combate eram mortos pelos sargentos, os cerra-filas, que normalmente não falhavam o tiro. O combate corpo-a-corpo parece estar agora a dar resultados, estando quase resolvido o problema da tomada da província do Luhansk.
Entretanto, os Russos posicionaram novos mísseis estratégicos na Bielorrússia com alcances até 4500 km o que lhes permite ter alcance para atingir a maior parte das capitais europeias, e iniciaram a partir da Bielorrússia novos ataques a Kyiv e ao Oeste da Ucrânia, numa escalada nítida do conflito, como consequência dos vários desaires externos que sofreram, quer com o encerramento do corredor que abastece Kaliningrado, quer com a admissão da Ucrânia a estado-candidato a membro da UE, quer com o seu previsto “default” para hoje.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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