Geral Opinião

A fronteira entre Forças de Operações Especiais e terrorismo depende do lado porque é analisada

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Não tendo acesso a informações privilegiadas, tenho a convicção de que alguns dos casos que se têm passado no interior e nas fronteiras da Rússia, e que têm sido amplamente noticiados no Ocidente, como sabotagens, são operações irregulares, efetuadas por Forças de Operações Especiais Ucranianas, constituídas por ucranianos de etnia russa, ou mesmo alguns por dissidentes russos, treinados por Forças de Operações Especiais Ucranianas e a combater contra os russos ao lado da Ucrânia.

A narrativa ocidental de que estas operações são efetuadas por russos por membros duma qualquer resistência do tipo dos “Partisans” não me parece correta, pois a Rússia é um sistema autocrático, com excelentes polícias de informações, qual país “Orwelliano”, em que há sempre um “big brother watching you”.

As operações especiais mais mediáticas de ação direta, foram o ataque à cúpula do Senado no Kremlin com drones, e o recente golpe de mão que ocorreu na região de Belgorod na Rússia, que foram golpes muito bem treinados revelando uma grande eficiência e eficácia.

O golpe de mão no Kremlin foi de tal forma eficaz que alterou todas as cerimónias do dia da vitória na Rússia incluindo as mais mediáticas em Moscovo, tendo esta ação constituído um vexame para a Rússia, pois foi atingido o seu centro de poder emblemático.

A ação em Belgorod foi uma operação irregular de ação direta efetuada na região suprarreferida, que tem sido a grande área de apoio logístico à retaguarda das Forças Russas invasoras da Ucrânia, tendo como resultado mostrado a vulnerabilidade das forças armadas russas numa zona fulcral para a sustentação logística das suas forças em combate. Este tipo de operações sobre Áreas de Apoio Logístico é uma operação que é normalmente efetuadas em todas as guerras, tendo Portugal também as efetuado nos seus TOs em África, sendo que a que teve mais impacto Internacional a que foi efetuada na Guiné-Conakri.

Qualquer destas duas operações são complexas e exigem que haja informações detalhadas sobre todos os itinerários e zona aonde se vai realizar as operações, para que estas que se possam realizar de surpresa, com eficiência e eficácia, muito embora devido ao simbolismo e à distância em relação à Ucrânia o ataque ao Kremlin tenha sido mais complexo, e exigido informações de tal forma precisas e detalhadas, que só podem ter sido fornecidas pelos USA.

Os russos claro que caraterizam estas operações como terroristas, pois normalmente esta designação é utilizada pela parte que sofreu as consequências da ação direta das Forças de Operações Especiais, ou seja, a sua classificação depende do lado em que se posicionam os contendores e dos seus apoiantes, assim como a composição das forças também difere pelas mesmas razões pois os russos referem ser forças ucranianas, enquanto os ucranianos tentam tirar água-do-capote, afirmando até não terem tido nenhuma intervenção em nenhuma das duas.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma