A mudança do paradigma energético é essencial que se faça para bem da sustentabilidade do planeta, e todos os dias ouvimos dezenas de ambientalistas a desferirem dezenas de ataques às viaturas automóveis individuais, como se estas fossem as responsáveis quase únicas da poluição, apelando a que mudemos os nossos hábitos de mobilidade, e que adquiramos carros elétricos.
Não sou contra esta mudança, mas tendo vivido em Bruxelas, país frio do norte da Europa, sei por experiência própria, que o aquecimento da maioria das casas é feito usando gasóleo, a que dão o nome de mazoute, o que na prática significa que diariamente, de dia e de noite, existam milhões de motores diesel em todas as casas, a trabalharem de dia e de noite, seis meses por ano, poluindo permanentemente o ar e emitindo carbono para a atmosfera.
Nalguns outros países na vizinhança, o aquecimento central a gasóleo é substituído pelo gás natural, o que igualmente polui a atmosfera, ou seja, emite também toneladas de carbono para a atmosfera, entre outros gases.
Muito estranho os ambientalistas do norte da Europa, não se manifestem com igual vigor, contra o aquecimento central das suas habitações, com que se manifestam contra as viaturas automóveis individuais, pois estas ao contrário das nossas casas, estão sempre quentes e agradáveis de nelas se permanecer.
Dir-me-ão que todo o aquecimento doméstico se reconverterá em elétrico, a breve trecho, facto que aumentará inexoravelmente o preço da eletricidade a nível mundial, pois a procura de gás natural será exponencial, e a poluição atmosférica efetuada nas centrais a gás será igual, ou semelhante à da atualidade, pois estas terão de aumentar inexoravelmente a sua produção.
Enquanto a produção de eletricidade verde for intermitente, as centrais elétricas a gás natural manter-se-ão a trabalhar continuamente pois não se podem ligar e desligar os seus geradores, e os consumos destas a trabalharem em vazio não é despiciendo, ou seja, a energia verde não diminui substancialmente os consumos de energias fósseis, embora na Europa ninguém queira, paradoxalmente, sequer refletir na necessidade de produção de energia nuclear, limpa e segura.
Pessoalmente tentei fazer a minha parte, e tenho seis painéis solares da EDP em casa, e surpresa das surpresas, pago mensalmente mais cerca de cem euros do que o que pagava anteriormente.
Assim não dá, por muita vontade que tenhamos de contribuir para a sustentabilidade do planeta.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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