Geral Opinião

A Argentina, paradoxalmente, volta-se para a China

Foto: Valor económico

A Argentina tem novo Presidente, que ganhou recentemente as eleições, por apresentar soluções milagrosas ultraliberais, para tirar o país da espiral inflacionista em que vive, muito devido ao seu elevado endividamento externo, causador dum défice estrutural excessivo, que obrigou a anterior administração à necessidade de ter de contrariar um avultado empréstimo perante o Fundo Monetário Internacional, que, como sabemos, por experiência própria, aplica sempre a mesma draconiana receita, que recai sobre o povo, que durante anos tem de se sacrificar para a poder pagar.

Javier Milei, o Presidente eleito prometeu liberalizar toda a economia, e acabar com a moeda própria do país, adotando em sua substituição o dólar, algo estranho num nacionalista, no entanto ao chegar à presidência apercebeu-se que tinha de pagar até ao dia 21 de Dezembro, do ano em curso, ao FMI, para não entrar em incumprimento, cerca de vinte biliões de dólares, verba que a Argentina não dispõem, o que o fez ter apressadamente de pedir à China essa verba emprestada, no próprio dia em que tomou posse, contrariando promessas de campanha de não integrar os BRICS, pois essa provavelmente vai ser a moeda de troca para obter o empréstimo chinês, assim como a promessa de integrar e apoiar o objetivo estratégico da China, resumido no chavão “One belt, one road”.

Este virar da Argentina para a China vai ser mais uma dor de cabeça para a administração Biden, que vê a sua área de influência na América do Sul a integrar um bloco geopolítico antagónico ao bloco ocidental.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma