Opinião

A eventual proibição do acesso generalizado à Internet

Eu sei que estamos em pandemia e que, a partir de segunda-feira, entrará em vigor o XI Estado de Emergência a ela devido, o que significa que Portugal está confinado em casa e parado à cerca de 150 dias, não se prevendo um fim à vista.

Os estados de emergência começaram a ser norma quando, em minha opinião, em situações menos graves se podiam ter usado outros instrumentos jurídicos à disposição do governo, não tão limitativos das liberdades.

O governo não pode passar do oito ao oitenta, seja assumindo comportamentos semelhantes aos de um indivíduo com bipolaridade, como aconteceu por exemplo no verão, em que convidou os britânicos a virem para Portugal passar férias, sabendo que no Reino Unido, havia uma percentagem inaceitável de pessoas infetadas e que deveríamos ter, na
altura, exigido medidas de quarentena à entrada de todos os cidadãos oriundos de países com situação pandémica incontrolável.

A possível priorização da utilização das redes móveis, para dar acesso prioritário, a quase todos os serviços públicos do estado e não só aos exclusivamente relacionados com a pandemia, conforme consignado no XI Estado de Emergência, que entrará em vigor segunda-feira, autorizando o governo “in extremis” a bloquear o acesso de particulares a alguns conteúdos da internet, é próprio de sistemas totalitários e não de democracias liberais consolidadas, e sinal de que o país não tem, ou continua a ter graves deficiências na sua rede de alerta o SIRESP, que já falhou nos fogos de Pedrógão, e não parece querer utilizar outros sistemas seguros de que são exemplo o sistema comunicações militares e o eventual aluguer de canais de comunicação, a funcionar por feixes hertzianos, via satélite.

Todos os estados modernos congéneres, têm redes LAN próprias, de segurança e alerta, não baseadas na internet que não é segura nem eficaz em casos de emergência, facto que mais uma vez demonstra a nossa incapacidade em prever e planear meios, e de não tirar lições
apreendidas dos falhanços, de que é exemplo o incêndio de Pedrógão.

Os tiques de tiranetes e de prepotência, começam a ser evidentes neste Governo, que tem cometido graves erros na gestão da pandemia, e que se desresponsabiliza sempre dos seus falhanços e dos seu erros crassos, por falta de previsão e planeamento, atirando sempre o ónus da culpa para os portugueses facto que é inaceitável.

Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva