Depois de conquistar o público com a sua participação no The Voice Portugal, Marta Lopes, Jagoz adoptada, prepara-se agora para um dos momentos mais importantes da sua carreira: o lançamento do seu primeiro disco que acontece hoje.
Com um percurso musical construído desde a infância, influências que vão do jazz à bossa-nova e uma voz cheia de identidade, a cantora abre o coração nesta entrevista. Fala-nos sobre as origens da sua paixão pela música, a experiência transformadora no programa de talentos e os desafios — e conquistas, que marcaram o seu caminho desde então.
Início e percurso musical
Quando e como começou o teu interesse pela música?
“O meu interesse pela música começou ainda em criança. Sempre fui muito sensível aos sons e às emoções que a música transmite. Lembro-me de passar horas a ouvir canções e a tentar imitá-las, fosse a cantar ou, mais tarde, a experimentar instrumentos. Com o tempo, esse interesse foi crescendo e tornou-se numa paixão que me levou a querer aprender mais e a seguir um caminho mais sério na música.”
Que artistas ou estilos musicais influenciaram o teu percurso?
“Ao longo do tempo fui sendo influenciada por muitos artistas e estilos diferentes. Cresci a ouvir nomes como Martinho da Vila ,Carlos Paião, João Gilberto, Ella Fitzgerald, Miriam Makeba e Elvis Presley, e isso moldou muito a forma como vejo e sinto a música. Também me influenciei por géneros como o jazz, blues, rockabilly e bossa-nova, que me ajudaram a explorar outras sonoridades e a desenvolver o meu próprio estilo. Gosto de pensar que o meu percurso é uma mistura dessas referências todas, mas sempre com uma identidade muito minha.”
Experiência no The Voice Portugal
Como descreves a tua experiência no programa?
“Participar no The Voice Portugal foi uma experiência transformadora. Foi um verdadeiro desafio, mas também uma oportunidade incrível de crescimento. Desde os ensaios até às atuações em palco, tudo foi intenso e enriquecedor. Estar rodeada de pessoas com tanto talento e profissionalismo inspirou-me imenso e fez-me querer evoluir cada vez mais.”
Aprendeste algo contigo mesma enquanto estavas no programa?
“Sem dúvida. Acho que a maior aprendizagem foi confiar mais em mim e na minha voz. O ambiente do programa obriga-te a sair da tua zona de conforto e a lidar com a pressão de forma muito rápida. Aprendi a acreditar nas minhas capacidades, a lidar melhor com o nervosismo e, acima de tudo, a aproveitar o momento — porque tudo passa muito depressa.”
Continuas em contacto com algum dos mentores ou colegas do programa?
“Sim, ainda mantenho contacto com alguns colegas com quem criei uma ligação especial. Passámos por uma experiência única juntos, e isso cria laços fortes. Quanto aos mentores, embora o contacto seja mais raro, guardo com muito carinho os conselhos que recebi e continuo a acompanhá-los e a inspirar-me no trabalho deles.”
Carreira após o The Voice
O The Voice abriu-te portas que, de outra forma, talvez não se abrissem?
“Sem dúvida. O The Voice deu-me uma visibilidade que teria sido muito mais difícil de alcançar por outros meios. Deu-me palco, exposição e a possibilidade de mostrar o meu trabalho a um público muito mais vasto. Depois de sair do programa surgiram convites para atuar, colaborações com outros músicos e até uma oportunidade de gravar um single. Foi uma verdadeira rampa de lançamento.”
Houve momentos em que duvidaste do teu caminho na música depois do programa?
“Sim, houve momentos de dúvida. Acho que é natural, principalmente depois de uma experiência tão intensa como o The Voice. A fasquia fica alta, e quando o programa acaba, voltamos à realidade com muitas expectativas e também com incertezas. Mas foi nesses momentos que percebi o quanto a música é essencial para mim. Mesmo com os altos e baixos, nunca consegui imaginar-me a fazer outra coisa — e isso dá-me forças para continuar.”
Primeiro disco, como surgiu e como vai ser a partir daqui?
“A ideia de gravar este single nasceu de uma forma surpreendente. A oportunidade de o gravar foi-me oferecida pela editora discográfica Farol Música, que acreditou em mim e quis ajudar-me a concretizar um dos meus maiores sonhos. A surpresa foi me feita no primeiro dia do ano, em direto na Tvi após ter cantado Cheek to Cheek da Ella Fitzgerald. Foi um momento marcante, porque senti que estava finalmente a dar um passo real no caminho que sempre desejei seguir.
Recebi a oportunidade de interpretar um tema já composto pelo talentoso Tayob Juskow. Embora a música e a letra não sejam da minha autoria, senti uma ligação imediata, como se a canção me conhecesse por dentro. Identifiquei-me com ela profundamente, e isso tornou todo o processo ainda mais emotivo. As palavras e a melodia tocaram-me de uma forma sincera, fazendo eco das minhas próprias vivências e sentimentos.
Este projeto também me desafiou artisticamente. O estilo musical levou-me a sair da minha zona de conforto e a explorar um registo vocal que eu desconhecia em mim. Sempre cantei mais noutros idiomas e géneros, e este foi um reencontro com uma nova versão da minha voz, mais crua, mais íntima.
Foi uma experiência de descoberta, não só como intérprete, mas também como pessoa.
As emoções foram o fio condutor de todo o trabalho. Desde a primeira vez que ouvi a música, até ao momento da gravação, deixei-me levar por aquilo que sentia. Quis que cada palavra transmitisse verdade, que quem ouvisse sentisse a intensidade com que a vivi.
Adorei todo o processo e sinto que cresci imenso com esta experiência. Confio plenamente que este single seja o início de um percurso promissor, e acredito que, a partir daqui, novas portas se irão abrir.
O lançamento deste primeiro trabalho marca não só o início de uma nova etapa, mas também a confirmação de que Marta Lopes está exatamente onde deveria estar: a viver a música com verdade, paixão e propósito.”
Este é apenas o começo de um caminho que promete ser cheio de novos sons, descobertas e, acima de tudo, emoção que Marta transporta consigo e partilha com quem a ouve.
Entrevista e fotografia da autoria de Carlos Sousa

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