Portugal institucionalmente não é um país marcadamente racista, nem estruturalmente,, no entanto tem atitudes racistas, que não podemos deixar passar em claro.
Esta semana em Portugal, inesperadamente, tivemos a notícia de que se realizou uma cópia grosseira duma manifestação do ku Klux Klan dos USA, em frente à sede da associação SOS racismo, seguido duma ameaça a membros eleitos da nossa Assembleia da República, factos inaceitáveis e inéditos na sociedade portuguesa, constituindo este último um crime público.
O respeito pelo outro, pelo seu semelhante, pelo diferente, é algo que infelizmente não é hereditário, ou seja não vem no DNA é algo que é transmitido pelo meio ambiente em que a pessoa cresce e se insere , factor que tem sido objeto de estudo da psicologia moderna, na forma como este condiciona e determina o comportamento humano, dado que este é um factor essencial na formação da personalidade das pessoas.
O respeito pelo outro é um valor universal, é um valor do domínio da ética, que como dizia Aristóteles, só é ético quem é instruído.
A instrução, é dada pelas famílias e pelas escolas que têm a obrigação de incutir valores aos jovens, ensinando-lhes, psicologia, ensinando-lhes ética, ensinando-lhes filosofia, ou seja ensinando-os a pensar,como seres racionais, capazes de distinguirem o bem do mal, capazes de preverem o efeito que as suas atitudes provocam.
O racismo existente na sociedade portuguesa é pois fruto do meio ambiente eda deficiente de instrução existente na sociedade portuguesa atual.
Esta lacuna grave na instrução da nossa população , infelizmente, tem sido aproveitada pelo líder do partido CHEGA, para dela tirar partido e crescer em futuros atos eleitorais, , quando profere discursos violentos contra a comunidade cigana, quando a quer isolar para controlar o vírus da Covid, e quando inclusive, em pleno parlamento, manda a deputada Joacine de volta para a sua terra.
Esta crispação excessiva em que atualmente vivemos, e que dá origem a estes fenómenos exdruxulos de racismo na sociedade portuguesa , que não são normais, nem fazem parte da nossa identidade como nação, conhecida pelos seus brandos costumes, têm em minha opinião sido potenciados pelas sucessivas crises financeiras, em que temos vivido neste dealbar do século XXI do ódio propalado nas redes sociais, e sobretudo pelas deficientes políticas públicas de educação, que têm reformado o setor da educação inconsistente e constantemente, sem tempo sequer para se poderem tirar ilações acerca dos resultados das mesmas.
Sendo militar do QP, acho que a instrução militar, e os valores nela transmitidos, fazem falta na formação dos nossos jovens, que na Instituição tinham contato com pessoal de todas as raças e credos , e nela eram tratados como iguais., conhecendo-se e aprendendo a respeitarem-se.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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