Geral Opinião

Os erros estratégicos do Irão no recente conflito no Médio-oriente

Foto: TPA

O Irão tem como objetivo político, ser a grande potência regional do Médio Oriente, e para o conseguir desenvolveu a sua estratégia geral e particulares nesse sentido, e posteriormente elaborou um plano estratégico de ação, onde colocou os seus aliados, e os seus rivais, ou seja, as outras potências regionais que com ele disputam almejar o mesmo desiderato, e seus aliados.

Como potências regionais, rivais do ponto de vista estratégico identificou, Israel e os seus inseparáveis aliados ocidentais, a Arábia Saudita, e a Turquia, e como aliados identificou a Rússia, a Síria, o Iraque, o Yémen, o Hamas, e o Hezbollah, tendo contado também com o beneplácito da China.

O Irão escolheu Israel e os seus aliados, como a primeira potência rival a neutralizar, e em termos de propaganda para consumo interno, e dos seus “proxis” ou aliados, assumiu que tinha como objetivo a destruição de Israel, o protetorado dos EUA e do Ocidente na Região, pois dessa forma pensava poder contar com o apoio, ou pelo menos com a não oposição dos países Árabes Islâmicos, embora Sunitas, para com ele cooperarem, pois todos  eles têm o objetivo comum de se tornarem potências dominantes e subsequentemente  de derrotar Israel, para posteriormente cada um, “de per si”, também tentar ser a única potência, ou a potência dominante regional, tendo para o efeito inclusive assinado um acordo patrocinado pela China, de desanuviamento de relações com a Arábia Saudita.

Com o planeamento estratégico que desenvolveu em termos de ação armada, o Irão coordenou com os seus “proxis”, ou os seus aliados, uma ação coordenada, que se iniciou com uma ação direta do Hamas, à cerca de um ano, mas sem razão aparente, ou com receio duma ação direta contra ele dos EUA, numa altura crítica, em que a Rússia está empenhada na Ucrânia, e dificilmente tem potencial disponível para intervir em seu auxílio, não acionou em simultâneo todos os países e grupos seus “proxis”, ou fê-lo muito timidamente, o que permitiu que Israel, e os seus aliados, embora indiretamente, muito em especial os USA, tivessem oportunidade de bater os seus “proxis” por partes, ou seja, resolverem o problema de Gaza, e posteriormente, então resolver o problema do Hezbollah, algo que foi o seu grande erro-crasso, que lhe vai custar caro a curto-prazo.

Esta é uma abordagem estratégica vista pelo lado iraniano, nos próximos dias analisarei o conflito doutras perspetivas estratégicas, por ser impossível, num espaço curto tudo analisar em conjunto, bem como só estou a analisar o atual conflito, sem ter em consideração outro contextos, nomeadamente o contexto histórico.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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