Geral Opinião

Imigração legal e ilegal

Estou perfeitamente de acordo que a imigração que demanda o nosso país deva ser legal, seria o ideal e o melhor dos mundos, o problema é como o concretizar na prática.

A imigração  que demanda o nosso país em busca de trabalho, sobretudo agrícola, na sua maioria vem de países onde não existem consulados, ou seja, acabarão por vir na mesma, porque há trabalho, que os portugueses não querem realizar, e porque de qualquer forma arriscarão a vida se for preciso para cá chegarem, trazidos por traficantes e suas redes.

É pois, em minha opinião no tráfico e no seu combate que se deve atuar, no entanto todos sabemos ser muito difícil combater estas novas redes de escravos, e haverá sempre alguma permeabilidade.

O problema incide mais na atitude que devemos tomar quando eles já estão no território de Portugal e da União Europeia, pois por muito que se fechem as fronteiras, havendo trabalho e dinheiro eles acabam por as atravessar, mais tarde ou mais cedo, e este tem sido busílis da questão, pois primeiro há que distinguir os refugiados  dos migrantes económicos, pois os primeiros têm que ter um estatuto especial, dado que normalmente fogem de guerras e de perseguições políticas

Os imigrantes económicos,  que atravessam o mediterrâneo e alguns o Atlântico, têm que ser acolhidos e tratados com dignidade, enquanto se resolve  o que com eles fazer, não devendo ficar em condições sub-humanas, tipo campos de concentração “ad eternum”, pois o delito que cometeram foi o de procurar melhores condições de vida.

Uma das possibilidades será o de os expatriar, a outra mais desumana é mandá-los como fez o UK para um país terceiro que os aceite, como o Ruanda, onde serão colocados à fome e sem nenhuma proteção.

A melhor possibilidade será, a que a UE fez, de pagar aos países de onde saem as rotas de imigração, para que estes nem sequer cheguem à Europa, algo de legalidade muito duvidosa, pois vai contra a Carta dos Direitos Fundamentais da UE.

Enfim, não é fácil arranjar uma solução, e as que existem não são boas, nem legais, talvez fosse melhor pensar não a curto, mas a médio-prazo e ajudar os países de onde saem os migrantes económicos a desenvolverem-se, e quanto aos refugiados das guerras, muitas delas iniciadas pelo Ocidente no Médio-Oriente, é preciso pensar bem nas consequências, antes de as iniciar, em vez de arranjar narrativas falsas como as que ocorreram aquando da invasão do Iraque, e na Líbia.

Nuno pereira da Silva
Coronel na Reforma

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