Tenho ideia que a maioria dos reclusos são gente pobre e de fraca instrução e que só está detida por falta de recursos para pagar a bons escritórios de advogados.
Tenho ideia que a maioria dos crimes poderiam ser punidos sem medidas de prisão efetiva, devendo-se recorrer mais à prisão domiciliária com prisão eletrónica.
Tenho ideia que a maioria são condenados por delitos de menor monta, pois Portugal é um país, ainda de brandos costumes, sem crimes muito graves, e que quando estes existem todos sabemos dos casos graves, pois a TV consegue encher chouriços com eles, durante meses.
Todos sabemos que os crimes de colarinho branco, efetuados quer por políticos, quer por banqueiros, quer por pessoal mais instruído e tecnologicamente mais apto, são de difícil prova, e que nos julgamentos conseguem ter escritórios inteiros, com vários advogados e especialistas contra um só juíz.
Tenho ideia que os casos de colarinho branco supra-referidos se arrastam nos tribunais, até conseguirem, que os crimes que cometeram prescrevem.
Tenho ideia que as cadeias são escolas de crime e que não têm capacidade de executar qualquer tarefa no sentido da reintegração na dos reclusos na sociedade. .
Tenho ideia que as cadeias estão sobrelotadas e sem condições para se poder fazer distanciamento social, nem qualquer espécie de confinamento.
Pelo exposto parece-me que se deveriam seguir em Portugal as recomendações da ONU, corroboradas pela Provedora da justiça, relativamente à libertação de alguns presos, com algumas restrições, conforme consta da proposta da Ministra da Justiça, que me parece razoável e equilibrada, pelo que não prevejo que provoquem qualquer alarido social.
Não consigo perceber qual a razão, porque alguns partidos não querem perceber que a libertação de alguns reclusos das cadeias portuguesas é um problema, que não tem nada a ver com ideologias, políticas mas sim com humanismo.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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