Já desistimos de ser independentes, ou mesmo autónomos, embora nem às paredes o confessemos
As Forças Armadas Portuguesas estão depauperadas e na NATO e na UE, poucas mais-valias podem dar, malgrado na UE e como esta só pode realizar , operações de Peteresberg, vulgo operações que não de guerra, menos exigentes em termos de capacidades militares requeridas, ainda temos conseguido aprontar unidades militares de cerca de trezentos homens, para as concretizar, com algum sucesso, sempre enquadradas por outras da União Europeia.
O que significa que uma unidade de maior escalão, do que uma companhia no máximo, cerca de 100 homens para atuar fora do Território Nacional e em operações reais, é o maior contributo possível que podemos dar e a muito custo.
Perante estas circunstâncias quando contribuímos para determinada operação internacional, só contamos efetivamente a nível internacional, para que numa determinada missão possa ser contada, mais uma bandeira, hasteada à porta do QG da Operação.
Com a penúria de capacidades militares de que dispomos, não podemos, infelizmente, continuar a ter veleidades de querer adquirir todas as valências dumas Forças Armadas de potências maiores, ou seja, por muito que nos custe, vamos ter obrigatoriamente de nos especializar numa determinada área, e nela sermos reconhecidos internacionalmente pela sua excelência, ou seja, em minha opinião, esta deve ser concretizada na área de Operações Especiais, onde temos excelentes operacionais, reconhecidos pelos nossos pares, área que por ser conjunta deve ter meios de todas as componentes, aérea, naval e aérea a ela dedicados, área que noutros Estados-membros está equiparada hierarquicamente a uma componente.
Uma maior integração na UE, em termos de defesa, é algo que não devemos excluir, pois me parece que seria uma área em que nos traria grandes vantagens, por isso não vejo razão para não virmos no futuro, a integrar uma Forças Armadas Europeias, algo que a maioria dos governos nacionais me parece ter em mente, embora não o confessem publicamente, senão não teríamos, nos últimos cinquenta anos, vindo a delapidar progressivamente as Forças Armadas Portuguesas, em detrimento duma Guarda Nacional, a exemplo de qualquer Estado Federal.
É claro que mantermos uma certa autonomia em relação à UE, seria interessante, mas sem capacidades militares credíveis, e sem investimento, é uma completa impossibilidade.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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