Opinião

Mafra Património uma deceção

Foi com alguma surpresa e deceção que, ao ler uma notícia de fontes fidedignas relativa ao número de pessoas que visitaram o Palácio Nacional de Mafra no ano em que este foi classificado como Património Mundial pela UNESCO (2019),  verifiquei  que este não era significativamente maior que o do ano transato, tendo mesmo sido inferior ao do ano da comemoração  do seu tricentenário do lançamento da primeira pedra.

Confesso que esperava que este número de visitantes  tivesse pelo menos dobrado o que, salvo melhor opinião, significa que é necessário lançar-se uma campanha de Marketing integrada e profissional com o objetivo de dar a conhecer este incomensurável património, quer nacional quer sobretudo internacionalmente.

A promoção do Real Edifício de Mafra, deve ser, em nossa opinião efetuada de uma forma Holística, ou seja   envolvendo o Ministério da Cultura, o  Ministério dos Negócios Estrangeiros, para que nas nossas embaixadas bilaterais  os adidos culturais façam um trabalho profícuo na divulgação do nosso Património Cultural, muito em especial o património nacional reconhecido pela UNESCO, bem como o Ministério da Economia pois o Turismo conta como  uma exportação no balanço das transações comerciais nacionais.

Soubemos que o Presidente da Câmara de Mafra, Helder Sousa e Silva, esteve na passada semana na Feira Internacional de Madrid 2020 numa iniciativa coordenada pelo Turismo de Portugal promovendo o Concelho, facto que parece indicar  estarmos no bom caminho.

No corrente ano Sintra está a comemorar os vinte anos da sua classificação como Património da Mundial pela  UNESCO, tendo desde o  ano em que recebeu esse galardão efetuado uma cuidadosa promoção cultural, que será no corrente ano mais extensa ,facto  que muito tem contribuído para o exponencial incremento do número de visitantes, que ano após ano ocorrem  à Vila.

Deverá ser também através da cultura que Mafra se  deverá diferenciar, devendo para o efeito a obra do nosso único Prémio Nobel da literatura José Saramago  “O Memorial do Convento”, constituír um factor diferenciador e potenciador da  divulgação Internacional do património edificado.  Nesse sentido a Cãmara Municipal de Mafra deverá celebrar um convénio  de colaboração com a Fundação Saramago.

A aposta na música erudita que se tem efetuado promovida  pela edilidade mafrense,  ora com os órgãos e  os carrilhões arranjados, poderá para esse objetivo, de divulgação do património edificado, muito contribuír  atraíndo públicos-alvo mais eruditos, que cada vez mais dispendem o seu tempo livre efetuando turismo cultural.

Para além do supra-referido Mafra precisa ainda  de promover o investimento privado em  alojamentos hoteleiros em quantidade e qualidade, bem como de se dotar de  um Centro Cultural com um anfiteatro de dimensão suficiente para a realização de Congressos  Nacionais e Internacionais, infra-estruturas sem as quais não terá o sucesso que  almeja e merece.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva