Geral Opinião

Ao tiro ao alvo a jornalistas árabes em Gaza

Foto: JAAFAR ASHTIYEH/ AFP

Todos os militares sabem que num conflito aberto a informação tem de ser controlada, pois os horrores das guerras são de tal maneira chocantes, em termos de danos materiais e de baixas, algo que deve ser, em último caso, reservado por forma a que a curiosidade mórbida, e os relatos dos horrores da mesma, não sejam de tal maneira duros que eventualmente possam fazer mudar a simpatia e o apoio da sociedade civil, em todo o mundo, em relação à justeza da guerra, obrigando, em países democráticos, os respetivos governos inclusivamente a ter que mudar de política.

A guerra na Faixa de Gaza, é um paradigma do que acabei da referir, pois se no princípio, e após o ataque terrorista do Hamas a civis israelitas, a perceção da sociedade civil era muito favorável à posição de Israel, e ao direito à defesa, atualmente esta foi paulatinamente mudando e ora a sociedade civil, com os repetidos massacres israelitas sobre civis, mudou de opinião.

Para que as terríveis imagens da guerra não chegam ao exterior da faixa de Gaza, provocando alarme social, o controlo da informação para o exterior é feito de duas formas: proibindo a entrada de jornalistas estrangeiros ao território e perseguindo e matando os jornalistas árabes e suas famílias depois de radio-localizados, algo que a provar-se consubstancia um crime de guerra.

Em termos de número de mortes de jornalistas neste conflito, em cerca de 5 meses já morreram cerca de setenta, tantos quantos os que morreram no Vietnam em 19 anos de guerra.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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