Geral Opinião

A guerra da Ucrânia e o fim do sonho da UE se tornar um ator global

Foto: CNN

Uma das consequências indesejadas da guerra da Ucrânia em relação à União Europeia, e à do aniquilamento da ideia desta se conseguir afirmar como um ator global, com autonomia estratégica em relação aos EUA e à NATO por eles liderada.

Paris e Berlim, tentaram e sonharam conseguir que a influência dos EUA e do seu braço longo na defesa da Europa fosse no limite tendendo para zero, com grande oposição dos britânicos que nunca deixaram a UE tentar sequer esse caminho, obstaculizando qualquer tentativa nesse domínio, de que é exemplo a da oposição sistemática à edificação duma capacidade de comando e controlo estratégico europeia tentada em Tervuren, na Bélgica.

Esta oposição americana levou a que, após a grande cisão entre os estados-membros europeus, como consequência da invasão do Iraque, os EUA pressionaram a UE para que esta se alargasse a leste, mesmo não estando preparada em termos institucionais, para esse alargamento apressado, onde nela entraram estados europeus, que não estavam preparados nem economicamente, nem politicamente para o fazer, por não serem verdadeiras de Democracias Liberais.

Nesse alargamento apressado, estados como a Polónia, a Hungria, entre outros, que eram designados por países de Visegrado, atualmente numa nova coligação e designação, constituída por oito países localizados na fronteira leste da UE, liderados pela Polónia, ganharam novo protagonismo e nova força dentro da União Europeia, devido à guerra da Ucrânia, e à sua visão alinhada com a dos EUA, de que é necessário humilhar e submeter a Rússia, contra uma visão que inicialmente era diferente do eixo Paris-Berlim, que perdeu força e acabou por se submeter à dos falcões da guerra.

Os EUA estão com esta guerra a conseguir atingir todos os seus objetivos estratégicos, nomeadamente humilhar a Rússia e impedir que a UE se torne um ator global no Sistema Internacional, sendo a Polónia o país-pivot nessa estratégia, país que com a saída dos britânicos da UE se tornou o novo cavalo de Troia Americano na UE.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma