Adriano Moreira, faleceu na manhã de ontem, dia 23 de Outubro, aos 100 anos. Era o político com maior longevidade da história democrática portuguesa.
Nascido a 6 de Setembro 1922, em Grijó de Vale Benfeito, Macedo de Cavaleiros, formou-se em direito na Universidade de Lisboa, em 1944. Recém-formado, começou a exercer a advocacia e acabou detido por dois meses no Aljube, onde conheceu Mário Soares, devido ao envolvimento num processo contra o então ministro da Guerra, Fernando dos Santos Costa, onde defendeu um general oposicionista que participara na Abrilada de 1947.
Em 1961, aquando da eclosão da guerra civil em Angola, acabou por ser nomeado por Salazar para ministro do Ultramar tendo revogado o Estatuto do Indigenato, que impedia os africanos das colónias de acederem à cidadania portuguesa. Demitiu-se do cargo dois anos depois.
Esteve exilado no Brasil, de onde regressou em 1980 para voltar à política ativa como candidato a deputado nas listas da Aliança Democrática (AD). Filiou-se no CDS, partido que liderou entre 1986 e 1988, e continuou deputado até 1995.
Em 2014, foi uma das 70 personalidades que defenderam a reestruturação da dívida pública como saída para a crise e, no ano seguinte, foi nomeado para o Conselho de Estado pelo CDS, onde ficou até 2019, já na Presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, que lhe concedeu as duas últimas condecorações.
Foi professor universitário e tem dezenas de obras publicadas, tendo mantido forte ligação ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), que dirigiu e ajudou a reformar antes do 25 de Abril.
O presidente da República condecorou-o, em junho, com a Grã-Cruz da Ordem de Camões. Este domingo, numa declaração no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu-lhe os 100 anos de vida, obra e de “serviço a Portugal“.
O Presidente da República traçou um retrato da vida do antigo presidente do CDS, considerando que “durante 100 anos foi tudo ou quase tudo”.
“Atravessou dois regimes, andou pelo mundo, deixando discípulos, defendendo a nossa língua, a nossa cultura, a nossa pátria comum, sempre com inteligência, com brilho, com tenacidade, com orgulho transmontano, com orgulho português. (…) Deixou-nos há duas horas Adriano Moreira. Em paz, sereno, na história, mas acima da história como sempre viveu”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, numa declaração no Palácio de Belém, após a notícia da morte de Adriano Moreira.
O velório de Adriano Moreira realiza-se a partir das 20 horas desta segunda-feira, no mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
A missa está marcada para as 12 horas de terça-feira, no mosteiro. O funeral será reservado à família.
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