Geral Opinião

No TV today

Outras notícias começaram a dominar o espaço público português e europeu, facto que poderá levar ao esquecimento da guerra da Ucrânia, algo que não podemos deixar que aconteça, pois é necessário continuar a apoiar este povo que está a ser cruelmente invadido, por ter a veleidade de querer ser livre e soberano.

A guerra da informação, com os seus horrores diários, transmitidos em tempo real á escala global, é uma nova dimensão da guerra híbrida, que só é possível na era da informação em que vivemos, em que cada indivíduo com o seu telemóvel, pode captar e transmitir imagens instantaneamente, que quanto mais macabras e horríveis forem, mais depressa percorrem todas as redes sociais e posteriormente os OCS de todo o mundo, influenciando a opinião pública e os eleitorados dos regimes democráticos.

Até à data, os ucranianos têm sabido gerir magistralmente esta guerra da informação, e com ela têm conseguido capitalizar apoios de todo o Ocidente, desde o cidadão comum aos políticos, que são por eles influenciados e condicionados, que horrorizados com a guerra, se têm mobilizado em solidariedade com o povo ucraniano, aclamando por justiça e por alegados levantamentos de processos de averiguações, para que no futuro, todos os alegados criminosos de guerra, sejam julgados e punidos, por um tribunal penal internacional.

Os ucranianos rearmados e reequipados pelo Ocidente, estão a preparar-se para lançar contraofensivas para tentar reconquistar, o todo ou parte do território perdido, tendo já conseguido, mercê do novo armamento, atacar linhas de comunicação inimigas em profundidade, pelo que por mais precisas que sejam as armas e as munições ocidentais, vai haver sempre danos colaterais com mortes e feridos de civis, que os russos vão, agora eles, mostrar e clamar por alegados crimes de guerra, desta vez perpetuados pelos ucranianos, usando também a seu favor, esta nova e eficaz arma da comunicação, que não faz mais que mostrar a realidade de qualquer guerra, algo que todos os políticos e militares de todo o mundo em operações, nunca quiseram mostrar, tendo ficado célebre a frase de Margaret Thatcher na guerra das Falklands, num discurso ao país proibindo a captação de imagens, dizendo secamente “No TV Today”.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

Adicionar comentário

Clique para comentar