Hoje foi a enterrar o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, e mais uma vez a história repete-se, no dia da morte e seguintes todos os que de nós se separam fisicamente, atingem um estatuto de santidade, que talvez seja excessivo.
Jorge Sampaio era um homem de extrema- esquerda, fundador do MES, que se aproximou do PS com Ferro Rodrigues, para nessa nova plataforma mais abrangente atingir o poder, que de outra maneira nunca alcançaria na sociedade portuguesa.
Jorge Sampaio faz a primeira aliança com o Partido Comunista, de que era próximo, para ganhar a Câmara da Capital e daí se lançar para a Presidência, onde novamente com o apoio político do PCP, consegue substituir Mário Soares na Presidência, e reabilitar esse partido stalinista, que tinha perdido a sua luta pelo poder no final da governação de Vasco Gonçalves, e definitivamente a ilusão de a reconquistar em 25 de Novembro de 1975.
Graças a estas geringonças, repetidas pelo seu pupilo António Costa, somos talvez o único país do mundo Ocidental, que continua a ter um partido comunista stalinista, com algum, embora reduzido poder de influenciar políticas, e que não está no museu da arqueologia política, onde à semelhança dos seus congéneres europeus devia estar.
Idiosincrasias dum país que está e sempre esteve profundamente dividido, com dificuldades de efetuar reformas, pois em qualquer reforma estrutural, que se faça, ou tente fazer, o PCP não deixa, pois em qualquer mudança perde poder, pois qualquer mexida na Constituição a propor vai no sentido inverso ao conquistado em Abril.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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