Agora que estamos quase convencidos em fazer a transição energética dos combustíveis fósseis para a energia elétrica, aparentemente mais favorável e limpa para o ambiente, do que a energia derivada de combustíveis fósseis, o preço do Kilowatt /hora dispara no mercado internacional, com explicações várias, que vão desde o aumento do gás natural, fruto da inconstância geopolítica, o fecho prematuro das centrais de carvão, a redução do vento, a escassez de água nas barragens, uma desaposta no nuclear, a necessidade de pagar a descarbonização, de entre outras.
Para além das causas já referidas, parece-me também que, mais uma vez, as empresas produtoras de eletricidade se cartelizaram e estão novamente a aproveitar-se da necessidade dos consumidores e da nova perspetiva de dominância do mercado, para tirarem enormes benefícios em termos de mais-valias.
Acresce a esse facto, o caso peculiar português, que tem uma dívida tarifária de cerca de três mil milhões de euros, devido aos contratos compensatórios, firmados no tempo de Sócrates, que para incentivarem a EDP a produzir energia elétrica verde, lhe asseguravam à partida, que havendo energia disponível das duas proveniências, convencional e verde, a proveniente de outras fontes energéticas não limpas, tinha sempre prevalência sobre a verde, mesmo que fosse mais onerosa para o consumidor.
Manuel Pinho, ora a ser julgado em tribunal, por ter celebrado os referidos desastrosos contratos, em nome do estado português, assumiu em nosso nome e dos nossos filhos e netos, uma dívida futura draconiana à EDP, para que esta empresa produtora de energia, financiasse os parques eólicos e solares em construção, um pouco à semelhança das famigeradas PPPs realizadas com a Brisa.
Embora parte dos contratos com a EDP tenham sido parcialmente revistos, por exigência da Troika, e a dívida tenha sido mitigada, grande parte do seu clausulado continua válido, pois não houve entendimento entre as partes para os reverter na totalidade, pelo que estes ditos contratos, parcialmente renegociados, vão ter de ser, quer queiramos, quer não, honrados.
O somatório da dívida tarifária por pagar, do preço do Kilowatt/hora a aumentar no mercado internacional, das taxas associadas ao preço da energia elétrica, e do IVA máximo, torne a vida dos portugueses e famílias insustentável, bem como para as empresas industriais, pois o preço da energia tão elevado retirar-lhe toda e qualquer capacidade de serem competitivas.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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