Opinião

Breve análise do contra-ataque dos EUA ao ISIS-K

O ISIS é uma multinacional de “franchising” de sucesso, a que todos os Islâmicos se podem afiliar sem pagar nenhum “fee” de entrada e, sem necessitarem de preencher nenhum formulário, basta simpatizar com a causa, algo muito vago e indefinido.

A Organização, espalhada em rede, encarrega-se de proceder à divulgação da mensagem e fazem o “mentoring” dos seus afiliados através da “net“, se conseguirem não ser dela imediatamente apagados, ou da “dark net“, onde mais dificilmente são detetados.

Não havendo nenhuma ligação formal a todas as células ou a todos os afiliados, que pode ser Islâmicos radicalizados a título particular, no seu computador individual, a Organização pode sempre reivindicar qualquer tipo de atentado, mesmo que este seja perpetrado por qualquer maluco espalhado pelo mundo, desde que este esteja, mesmo que tenuemente, ligado á religião Islâmica.

Sabemos, por alguns atentados perpetrados em França que basta a alguém, em nome individual, que tenha eventualmente sido inspirado pela propaganda espalhada na net, e seguido alguns procedimentos técnicos por ela divulgados, para ter sucesso numa operação terrorista deste género.

A cabeça, ou a dita cabeça da Organização, já foi abatida várias vezes, mas como a ligação entre os seus elementos é em rede e não piramidal, como as estruturas militares, logo aparece outra célula a dinamizar a mesma, facto que muito dificulta acabar com a Organização.

Os EUA afirmam ter morto os planeadores do ataque ao aeroporto de Cabul, algo que foi executado tão rapidamente que pode ser verdade ou não, podendo ter sido uma retaliação sobre uma qualquer célula da rede previamente identificada, no entanto a ação dos EUA, mesmo que extemporânea e não certeira, serviu o objetivo de vingança restabelecendo o orgulho ferido dos Americanos.

Por tudo o que referi a ação do ISIS-K, em minha opinião, pode ter sido, ou não planeada, bastando a um elemento duma célula em rede, proceder à sua execução, sem ligação, nem conhecimento das outras.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva