Opinião

O desenvolvimento da Dressage em Portugal

Portugal só conseguirá ter sucesso internacionalmente, seja em que área for, se tiver capacidade para nela investir duma forma concertada e holística.

A equitação nos Jogos Olímpicos, na disciplina de dressage, começa a ter frutos, embora ainda não ao nível desejado, por ter havido uma conjugação de fatores, que agindo integradamente, colocaram como objetivo transformar o cavalo lusitano, num cavalo de dressage.

Esta vontade de desenvolver a raça lusitana, mobilizou os criadores nacionais, que em conjunto com a sua Associação fizeram um bom trabalho, tendo esta começado a realizar concursos de modelo e andamentos, tendo em conta a funcionalidade dos cavalos e não só o seu padrão, bem como tem sabiamente gerido o livro da raça que lhe foi entregue pelo Estado, para além de ser promotora da raça.

Os organismos federativos, os diversos centros hípicos, que foram florescendo como cogumelos pelo país, e o aumento exponencial de cavaleiros a quererem dedicar-se ao ensino, também são parte do sucesso.

Em minha opinião, o Estado também teve um papel importante ao nível da educação e formação, sobretudo através do investimento que fez, em escolas de formação profissional, com equivalências ao nono e décimo segundo ano, que têm conseguido formar jovens em quantidade, qualidade e capacidade para dar formação no setor.

A proliferação de Campeonatos Internacionais, no território nacional, tem permitido aos nossos cavaleiros ganharem experiência, para posteriormente se deslocarem a concursos mais importantes no estrangeiro, inclusive para poderem participar dignamente em campeonatos europeus e em jogos equestres mundiais, em todos os escalões.

A qualificação de júris portugueses como júris internacionais, também tem ajudado a dar a conhecer o país neste nicho específico.

A todo este aparente desenvolvimento não foi alheio o facto do Exército ter mantido a sua escola de formação de mestres, instrutores, e monitores, que durante dezenas de anos foi a única escola que formou militares e civis neste setor, mantendo uma doutrina e aperfeiçoando a técnica dos seus formandos.

Não podemos também esquecer o esforço da investigadora Maria do Mar Oom, ao investigar geneticamente o PSL, distinguindo-o nesse campo do andaluz, permitindo e justificando a existência dum livro autónomo da raça, de todos os militares e civis, que no período Revolucionário salvaram os nossos cavalos colocando-os a salvo do fervor Revolucionário na vizinha Espanha, nem dos grandes equitadores portugueses, Nuno de Oliveira, Guilherme Borba, Valença Rodrigues, e de todos os que estiveram na origem e criação da Escola Portuguesa de Arte Equestre.

Só mobilizando vontades se podem atingir resultados. Continuemos sem embandeirar em arco, pois só com um esforço compreensivo, e com humildade, trabalho e persistência se atingem os objetivos.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva