Opinião

A falsidade nas relações pessoais

O confinamento obrigou-me a rever alguns clássicos do cinema, de que destaco aqui o filme “Gata em Telhado de Zinco Quente“, pela sua temática principal que se mantém atual, ou seja, sobre a falsidade nas relações familiares, sociais e políticas. Quando as relações entre as pessoas são relações falsas, movidas unicamente por outros interesses, alguns perversos, as relações entre elas não se baseiam em princípios éticos, não passando por isso muitas vezes de relações de cumplicidade, nos diferentes planos onde essas cumplicidades se estabelecem.

Conhecemos vários casos, semelhantes aos do filme em epígrafe, em que as falsas relações familiares se esgotam na luta por uma herança, ainda em vida do progenitor, assim como conhecemos diversas relações de traição, ou suspeitas dela, entre um casal e um falso amigo, que levam a graves problemas de autoestima e relacionais profundas entre os dois elementos do casal, que o destroem ou quase que o fazem, como no caso do casal do filme, protagonizado por Paul Newman e Elizabeth Taylor.

No plano político assistimos, infelizmente, a casos semelhantes em que as relações entre os militantes e as chefias partidárias aos vários níveis, não sendo relações éticas, destroem ou prejudicam gravemente a democracia e a confiança na política, ou seja, quando as relações pessoais intrapartidárias não são relações éticas, não são relações deontologicamente corretas, não passando de relações de cumplicidade perversas, com fins muitas vezes ilícitos.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva