Segundo um trabalho jornalístico publicado na revista do Expresso, a cerca de 60% dos portugueses, parece não lhes importar viver num regime autocrático, ou seja, em ditadura, sem liberdade de escolher o seu destino.
Cerca de cinquenta anos após o 25 de Abril, parece, a crer no trabalho publicado, que a liberdade não é algo que os nossos compatriotas valorizem, pois a liberdade que a democracia trouxe exige escolhas, exige um pensamento analítico, exige que inicialmente se façam comparações e, posteriormente, análises mesmo que simples, para se fundamentar uma decisão, e isso os nossos compatriotas parece não quererem ou não saberem fazer, malgrado
o país ter doze anos de escolaridade obrigatória e cada vez mais pessoal licenciado.
Daqui se inferem várias possíveis causas para o problema, de que destaco duas, que me parecem as mais importantes, ou o sistema de ensino em Portugal não está a responder ao que lhe é exigido, ou seja, não está a dar aos cidadãos ferramentas, para que estes possam formar opiniões sustentadas e capacidade para fazerem escolhas, ou não há democracia, nem liberdade possível se antes não estiverem satisfeitas as necessidades básicas da população, ou
seja, as que estão descritas na base da pirâmide de Maslow e que eram uma exigência de Abril, que não foi cumprida.
Parece-me que o Presidente da República tem razão, quando afirma ser necessário comemorar condignamente o 25 de Abril de 1974, e relembrar todo o período anterior e o subsequente, incluindo o 25 de Novembro e a data de entrada em vigor da nova constituição.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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