Geral Opinião

Zelensky ganhou a contenda com Trump

Zelensky e a Ucrânia têm dois grandes problemas relativamente aos factos de: o seu território ter uma enorme importância geoestratégica, quer para a Rússia quer para a potência marítima, pois é um local onde pode controlar a potência continental, negando-lhe o acesso aos mares, quer para a Europa , pois como Macron referiu na recente ida à Casa Branca é uma zona de interesse vital, para a defesa europeia, pois o seu controlo pela Rússia coloca em causa a nossa própria existência; e também por ter recursos naturais apetecíveis a qualquer país, ou potência, dada a sua escassez e necessidade, quer em termos energéticos, quer tecnológicos.

A potência marítima, os EUA, atualmente não parece querer controlar a potência continental, negando-lhe o acesso aos mares, mas querem controlar e explorar os seus recursos naturais, pelo que Trump, embora queira alcançar a paz rapidamente e a todo o custo, nem que tenha que ceder a todas as exigências russas, e a obrigar a Ucrânia a quase capitular, quer antes disso salvaguardar o acesso das empresas norte-americanas aos recursos naturais, que existem dos dois lados da linha de contacto na Ucrânia.

Para conseguir o acesso à exploração dos recursos naturais ucranianos, por parte de empresas americanas na parte controlada por Zelensky, Trump quis obrigá-lo a assinar um acordo extorsionário, no sentido de Zelensky lhe cedesse essa exploração, como forma de compensação dos 500 Biliões de Euros, que segundo ele, os EUA tinham gasto a financiar a guerra nos últimos três anos, quantia por ele determinada e muito exacerbada, dado que de acordo com outras fontes credíveis, o valor de todo o apoio norte-americano à guerra, é de cerca de um quinto desse valor,  pelo que Zelensky recusou assinar o acordo que lhe foi proposto, alegando não poder hipotecar as futuras gerações ucranianas, e que o dinheiro lhe tinha sido doado e não emprestado, facto que obrigou Trump a mudar o texto do mesmo, que vai ser assinado no dia 28 de fevereiro em Washington, acordo esse que não faz nenhuma referência à pretensa dívida a pagar, sendo um acordo de exploração conjunta entre empresas Ucranianas e dos EUA. Zelensky não cedeu embora Trump o pressionasse, tendo-lhe inclusive chamado de ditador, tendo, em minha opinião, ganho esta contenda contra Trump.

Nas suas negociações de paz com Putin, parece que Trump conseguiu também, ter acesso à exploração das mesmas matérias primas existentes do lado da Ucrânia conquistada pela Rússia, pois Putin nesse sentido parece ter cedido essa explicação às empresas norte americanas em joint venture com as russas, algo que desagradou a Pequim, que também as queria explorar, o que evidencia uma grande fraqueza da Rússia para o ter feito, sinal que está no limite das suas capacidades económicas para continuar a financiar a guerra.

Termino recordando uma frase que dizem ter sido proferida por Salazar, quando lhe disseram que havia petróleo em Angola, “só me faltava mais essa” pois estava a antever que esse recurso iria ser muito apetecível pelas duas potências da altura, que tudo fariam para os conseguir, inclusive financiar os ditos movimentos de libertação, na sua guerra contra Portugal.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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