Desde que estive a prestar serviço no Iraque, que constatei que a maioria dos trabalhadores que prestavam serviços às Forças Americanas e Aliadas, eram de origem no Paquistão, Índia, Nepal e México, e que trabalhavam em regime intensivo, sem férias, folgas e com horários de uma dureza draconiana, sendo normalmente, pessoal subcontratado por empresas de duvidosa reputação, que lhes pagavam salários miseráveis, ou seja, trabalhavam num regime de semiescravatura, sem os mais elementares Direitos Humanos.
Foi com surpresa que vi chegar estes trabalhadores para trabalhar nas mesmas condições em Portugal, em explorações agrícolas de Norte a Sul, em virtude do nosso Inverno demográfico, e da incrível cegueira das nossas autoridades.
O Qatar, é um regime autocrático, como a maioria dos governos do Golfo, que não respeita os direitos humanos, no entanto, a maioria dos países ocidentais estabelece relações comerciais com o país, comprando-lhe sobretudo gás natural, e que depois da recente crise energética criada pela Rússia, provocada por essas aquisições de gás, muito se intensificaram, malgrado o país não respeitar os Direitos Humanos.
O Qatar está na berlinda, no foco dos ativistas dos Direitos Humanos, só porque está a organizar um Campeonato do Mundo de Futebol, e por nada mais, pois apesar de tudo o Qatar, dentre todos os seus vizinhos países do Golfo, ainda é o mais aberto, tendo nos últimos anos sofrido um boicote quase total por parte destes, por nele estar sedeada a cadeia de televisão “Al Jazeera”, o melhor canal de informação, que noticia sobretudo notícias do Médio Oriente e da Ásia duma forma isenta, algo que muito incomoda a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes Unidos.
Deixemo-nos de hipocrisias e quem gosta de futebol, que não é o meu caso, que se divirta e vibre com os espetáculos, mesmo que a sua seleção não tenha sucesso.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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