Gaza está totalmente destruída, e por esse motivo, Trump quer que os palestinianos saiam do território e se desloquem para o Egipto e para a Jordânia, e concomitantemente na sequência desse êxodo, quer entregar o território aos israelitas, conforme Israel pretende há anos.
Nenhum destes dois países, por razões diferentes, tem mostrado intenção de os receber, pois estes quase dois milhões de habitantes, a serem para eles deportados em massa, causariam graves problemas internos de integração. O pessoal da minha geração lembra-se da dificuldade que Portugal teve em integrar os nossos retornados pelo sabe a a que me refiro.
Trump parece querer nesses dois países, criar novos campos de refugiados, algo que já aconteceu no Líbano com a OLP e que não deu resultado, pois colocar palestinianos em Campos de Refugiados quer internamente quer no exterior, tem sido uma das razões da destabilização do Líbano.
No caso do Egipto, a criação de Campos de refugiados Palestinianos no país, onde o General al Sissi conseguiu tomar o poder, à força das armas , com o apoio da Arábia Saudita e dos Emiratos Árabes Unidos, e com o beneplácito do Ocidente, que não queriam mais detestabilidade na região, muito embora em eleições democráticas , que ocorreram em 2011 e 2012, e na sequência das primaveras árabes, quer o partido Irmandade e Justiça, braço político da Irmandade Muçulmana, quer o candidato presidencial por ela apoiado Mohamed Morsi, tivessem ganho as únicas eleições democráticas ocorridas no país, razão pela qual, em minha opinião, a criação de novos campos de refugiados Palestinianos liderados pelo Hamas, grupo terrorista da Irmandade Muçulmana, poderia catalisar uma revolução indesejável aos interesses americanos na região.
Esta solução de criação de novos Campos de Refugiados no Egipto, parece-me que também não agradaria à Arábia Saudita, com quem Trump quer revitalizar os acordos de Abrão, pois para além de não resolver o problema definitivamente, desestabilizaria o seu aliado Sissi, dado que a Arábia Saudita preconiza como solução definitiva para o problema Palestiniano, a criação dum Estado independente.
A solução de Kurshener o genro de Trump , o obreiro dos Acordos de Abraão, na anterior administração, de criar um estado palestiniano, no deserto do Sinai, sendo igualmente difícil, poderia eventualmente, ser melhor que esta, muito embora eu creia que a solução, no atual quadro de destruição de Gaza, conjugado com o reacender da guerra na Cisjordânia especialmente em Jenine, e com Trump na Presidência, dificilmente terá solução, pois dificilmente Israel sairá dos territórios ilegalmente ocupados após Yon Kippur.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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