Geral Opinião

Trump, a Noruega e o Nobel da Paz

Donald Trump afirma que não ameaçou a Noruega com tarifas de 15%. É verdade que não fez tal ameaça direta. No entanto, também é verdade que, no mesmo telefonema com o ministro norueguês do Comércio, abordou dois temas distintos: as tarifas comerciais e a sua ambição de ganhar o Prémio Nobel da Paz.

Misturar estes assuntos no mesmo contacto foi, no mínimo, uma ingenuidade. Sendo temas independentes, qualquer observador atento os relacionaria, mesmo que apenas por associação. Comentadores políticos, entre os quais me incluo, interpretaram essa coincidência como uma forma de pressão velada. Agora, paradoxalmente, muitos desses analistas são acusados de difundir “notícias falsas”.

Fica a questão: será que Trump acredita ser o único “esperto” no mundo e que as leituras normais e lineares de um gesto político são automaticamente falsas?

Na realidade, este telefonema parece ter sido uma forma de pressão indireta e evidente, enquadrada numa estratégia mais ampla para satisfazer o seu ego. Afinal, o Prémio Nobel da Paz é, em grande medida, um ato político: uma comissão de pessoas escolhe, de forma sempre envolta em opacidade e subjetividade, a quem atribuí-lo.

Trump, mais uma vez, demonstra não compreender como funciona a diplomacia. Faz telefonemas desnecessários, próprios de quem detém poder e o exerce sem pudor, nem filtros.

Nuno Pereira da Silva

Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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