Na reunião de Trump com Zelensky e com os líderes europeus, houve uma foto tirada na Sala Oval onde Trump aparecia sentado à secretária, com os presidentes à sua frente, nas cadeiras destinadas normalmente aos seus assessores. Essa imagem, na Europa, foi alvo de imensas críticas por parte da opinião pública, que não gostou de os ver nessa posição: um misto de bajulação e de subserviência feudal ao seu senhor.
A Europa tem achado por bem submeter-se à loucura de Donald Trump, que com a sua postura parece querer intimidar todo o mundo. Paradoxalmente, nessa reunião, apesar da foto, a Europa nesse dia, e no subsequente, tomou uma posição inequívoca de apoio à Ucrânia, à revelia de Trump. Este, depois da Cimeira do Alasca, que lhe correu muito mal, tinha, de qualquer forma, sido novamente convencido por Putin da “bondade” por trás da sua intervenção na Ucrânia. Algo que não é novo na sua forma de atuação, pois Trump tem sido toureado por Putin e pela diplomacia profissional do Kremlin, que aprendeu a lidar com os seus impulsos e com a sua irracional diplomacia.
A foto vergonhosa tirada no Gabinete Oval da Casa Branca serviu, hoje, para Trump afirmar internamente sem pudor que é o “Presidente da Europa” e que tem contribuído como nenhum outro para a sua defesa, pois, segundo ele, os europeus concordaram em investir 5% na NATO. Algo que está, obviamente, nas antípodas da verdade. Ao contrário de Obama, que esteve perto de criar um mercado comum entre a UE e os EUA, Trump, pela imposição de tarifas e pela sua inconsistência e impreparação para lidar com a Europa, está a afastar-se cada vez mais dos seus aliados tradicionais e a quebrar o laço transatlântico.
Enfim, fora a bajulação e a falta de coluna vertebral de alguns líderes políticos europeus, Trump está cada vez mais longe do velho continente e da União Europeia, que quer terminar.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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