O espetáculo tem de continuar, normalmente é o lema do mundo do circo e em especial dos palhaços, em que haja o que houver, passe o que se passar nas suas vidas provadas é preciso continuar a trabalhar, continuar a entreter crianças e adultos, fazê-las esquecer adversidades, e fazê-los em última instância rirem-se.
Este espetáculo é normalmente servido nas redes sociais, onde todos têm uma vida de sonho, onde se mostram felizes ao lado de pessoas que mal suportam, mas que aparecem sorridentes ao pé dos seus pares, em sítios idílicos, forçando sorrisos, que não são genuínos, porque a sociedade assim o exige, e nós normalmente no presente século, o século do parecer e não do ser, fazemos esse jeito, cumprimos esse papel.
Ontem, vi centenas de casais pateticamente felizes, descobri também com surpresa alguns casais do mesmo sexo, ainda mais felizes e contentes, por ser algo ainda mais bonito, no seu entender, porque era dia dos namorados, e nesse dia, que o comércio impôs ao mundo, todos temos de cumprir o papel idiota de casal apaixonado e mostrá-lo no voyeurismo das redes sociais.
Por mera coincidência e por motivos pessoais, ontem afastei-me das redes sociais, precisei de sossego, precisei de paz e desconsegui publicar a minha crónica diária, interrompendo o espetáculo, muito embora o dia tenha sido fértil nos assuntos de política internacional, que normalmente comento, e sozinho pensei que as árvores também se abatem, embora normalmente morram sis mas de pé.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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