Hamas saiu dos túneis corretamente fardado, armado, e mostrou um míssil, para dar uma prova inequívoca de sobrevivência, e simultaneamente terá, noutros locais, efetuado uma limpeza aos seus inimigos, colaboracionistas de Israel, ou elementos de estruturas clânicas, armadas por Israel para os combater, que tal como eles, também tiveram a mesma génese, tendo sido armados por Israel, para combater a Autoridade Palestiniana, os ex terroristas da Fatah. É assim os terroristas de hoje são os políticos de amanhã.
Uma coisa é certa o Hamas está muito bem organizado, espalhado no território como um todo, e a sua estrutura militar, quer ser a futura estrutura de segurança, a polícia de Gaza, algo inadmissível para Israel e para os EUA.
Esperemos que a governança da região, que pelos vistos será constituída por tecnocratas palestinianos, tenha alguma capacidade política ou diplomática, pois terá de lidar com muitos atores internos, com a Força de Intervenção Árabe, e com a estrutura superior coordenadora, com presumivelmente Blair e Trump, com elementos de vários governos regionais.
O líder desse grupo de Palestinianos tecnocratas, se tiver sucesso, algo muito difícil de almejar, será provavelmente uma figura de relevo, para a região, talvez seja alguém, uma espécie dum novo Arafat, congregador, mas sem vir da luta armada.
Espero que cheguemos a esta fase do processo de paz, e só lá se o chegará , por uma via política e diplomática.
Como disse e escrevi no Início deste conflito, Israel ganha a guerra, com elevados custos, inclusive reputacionais, mas politicamente talvez a perca, se dela saírem as bases para a formação dum novo estado Palestiniano.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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