A guerra na Ucrânia resolver-se-á no campo de batalha, quando um lado colapsar e assinar rendição, independentemente de EUA ou UE. Para os ucranianos, não é só territorial: é rejeição visceral ao passado soviético opressivo, com memória viva que alimenta determinação. “Better dead than red” ecoa, vendo a Rússia como autocracia herdeira da ditadura.
Mesmo em derrota convencional, virá resistência irregular, clandestina e persistente, corrói impérios como Afeganistão provou contra Rússia e NATO. História pune quem subjuga povos decididos. Observados quase 4 anos, laços anti-russos fortaleceram identidade: língua, tradições, memórias e cisma na Igreja Ortodoxa, libertando-se de Moscovo – ruptura espiritual irreversível. Identidade vai além do idioma (russofones inclusos), enraizada em OUN/UPA e valores culturais/espirituais.
Paralelo com Portugal na Restauração de 1640: contra Filipes (império de Carlos V), cultura, língua e memória mantiveram independência viva, com apoio aliado essencial – como Ucrânia precisa da Europa sem linhas vermelhas. Sozinhos, nenhum povo vence império vasto. Hoje, esperamos colapso russo interno; senão, guerra longa instabiliza continente. Europa decide: apoio convencional evita vitória russa ou condena a décadas de caos.
No 1º dezembro, revivemos revolta conjurados: liberdade retomada em 1640, mas guerra durou 40 anos até Montes Claros. Ucrânia resiste ao embate inicial, como nós; agora, precisa tempo, vontade e persistência – independência sustenta-se, afirma-se, reafirma-se. Batalhas por sobrevivência moral/identitária superam armas. Ucrânia decidiu: não volta atrás. Nada subjugue povo assim resolvido.
Lição clara: liberdade não por decretos, mas decisão coletiva e coragem. Identidade nacional, rejeição autoritária e alianças preservam-na, iluminando geopolítica europeia atual.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma












Adicionar comentário