Depois da exagerada e da desproporcional resposta ao ataque terrorista do Hamas, e depois de ter incendiado todo o Médio-Oriente, destruindo a Faixa de Gaza, executado cerca de trinta mil pessoas a sangue/frio, Israel pressionado pelos EUA, já parece ter acordado num cessar-fogo estando neste momento o mundo em suspense à espera que o Hamas se decida a acionar o papel diplomaticamente negociado pelo Egipto, Qatar, e EUA.
Parece que se inverteram os papéis e que o Hamas é que ainda está a exigir condições, ou seja, não foi na prática derrotado, tendo obrigado Israel a negociar com terroristas, de acordo com a sua narrativa e movimento de libertação, segundo as narrativas árabes, turcas, persas e de um modo geral de todo o mundo muçulmano, que juntou etnias xiitas e sunitas, contra Israel, algo quase impossível de acontecer.
Recordo-me de ter relido o livro “As Cruzadas vistas pelos Árabes” escrito pelo genial escritor Amin Maalouf quando estive em missão no Iraque, e de perceber “in loco” que a guerra entre o dito Ocidente e os árabes é uma guerra interminável e que nunca, até à atualidade teve, nem terá fim e, que os Judeus têm feito parte desta realidade, pois a maior parte saiu de Israel após a queda do Exército Bizantino, tendo vindo para o Ocidente, onde estiveram séculos, sendo “aculturadamente” ocidentais, só regressando a Israel, após o holocausto, ou seja, Israel funciona como o Estado ponta-de-lança do Ocidente, defendendo os seus interesses, na região, sendo por isso sempre do Ocidente aliado.
Curiosamente, percebe-se agora que o objetivo de Israel nesta batalha contra o Hamas inserida na guerra Israelo-Palestiniana, foi mal traçado, ou seja, como dizia Clausewitz, o objetivo de qualquer batalha ou guerra não é o de destruir o inimigo mas sim o de obter uma vantagem para se negociar em vantagem, veremos no final desta batalha quem é que ganhou uma vantagem, pois se no final os palestinianos conseguirem almejar ter o seu estado, quem ganhou e conquistou o objetivo estratégico terão sido os palestinianos, cujo Primeiro-ministro da autoridade palestiniana, substituiu Habas no poder na Cisjordânia e está disposto a integrar o Hamas na estrutura política do novo governo palestiniano.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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