Geral Opinião

Putin pretende iniciar conversações diretas com a Ucrânia em 15 de maio

Foto: Samaa TV

Na última reunião tida com Zelensky em Kiev, em que participaram quatro líderes europeus nomeadamente os da França, do Reino Unido, da Alemanha e da Polónia, no dia 9 de maio, foi manifestado o total apoio à proposta do anfitrião, para que se iniciasse imediatamente um cessar-fogo total de trinta dias, proposta que Putin tem sempre recusado, antes de ser negociado e firmado um acordo -final de paz, por recear que no final do prazo, se não consiga atingir um acordo de paz satisfatório para os seus interesses, e seja mais difícil voltar à guerra para os conseguir, dado que seria muito difícil continuar a manter os apoios internacionais à sua causa, que paradoxalmente e muito laboriosamente, foi granjeando, apesar de tudo, ao longo da guerra, especialmente nos países do sul Global, dado que no seu início, só cinco países não condenaram a atuação russa, e trinta e quatro se abstiveram, incluindo a China, na reunião magna da ONU.

A declaração final da reunião tida em Kiev em 9 de maio, aparentemente mereceu  o apoio de Trump, tido por via telefónica, e na generalidade, ameaçava endurecer as sanções em vigor impostas à Rússia, em termos financeiros e económicos, bem como militares, tendo inclusive ameaçado criar um tribunal especial, tipo do de Nuremberga, para julgar criminalmente os líderes russos, responsáveis pela guerra, por forma a tentar forçar a Rússia a aceitar a proposta de cessar-fogo, com início a partir de 12 de maio de 2025.

A reação de Putin à declaração final supramencionada, ocorreu no dia 10 de maio, contrapropondo que a Turquia seja o palco e o mediador, por ele escolhido, para se iniciarem negociações diretas entre as partes, sem condições prévias, com início no dia 15 de maio, e que estas deverão começar por abordar as causas profundas do conflito, não descartando, no entanto  por completo, a hipótese de se estabelecer, num futuro próximo, um cessar-fogo total, salvaguardando que este assunto deverá também ser objeto de discussão, ao longo das negociações.

Em suma, a única cedência real que Putin fez, em minha opinião, consistiu única e exclusivamente, em aceitar iniciar e estabelecer negociações diretas entre a delegação russa e a ucraniana, para tentar justificar a sua intervenção militar na Ucrânia, ou seja, para voltar a apresentar os argumentos, que na sua opinião, justificam que tenha violado o direito internacional invadindo o seu vizinho, algo que está repetindo exaustivamente desde o início do conflito, e talvez, discutir o cessar-fogo, algo em que sinceramente não acredito, pois só o aceitará após se  finalizarem as negociações conducentes a um acordo definitivo de paz, ou seja, na prática Putin está a ganhar tempo, para ver se consegue no terreno conquistar o seu objetivo mínimo, ou seja, conquistar dos quatro Oblasts que incorporou na sua constituição como território russo.

A oeste nada de novo.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

Adicionar comentário

Clique para comentar