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Putin ganhou as eleições em França

Foto: O Globo

O partido de Macron, o Presidente de França, a voz mais vibrante e audível na União Europeia contra Putin, desde a invasão da Ucrânia, perdeu as eleições europeias no seu país, em favor do partido de Marine Le Pen, o partido de extrema-direita francês apoiado financeiramente pelo Kremlin.

Esta vitória indireta de Putin provoca um grande rombo no Estado-membro que tem sido mais favorável à integração europeia e ao desenvolvimento de uma capacidade militar europeia que garanta à UE uma autonomia estratégica em relação aos EUA, sendo a segunda vez que nos últimos anos, que os eleitores franceses votam contra uma maior integração europeia, tendo a primeira sido em 2007, aquando da rejeição de votar a favor da designação de Tratado Constitucional ao Tratado de Lisboa, que na sua essência é um Tratado Constitucional.

Parece-me um paradoxo que a França que inventou a democracia liberal, que foi invadida pelos nazis após a capitulação de Pétain, mas que após a derrota alemã e com de Gaulle assumiu as rédeas da política europeia, para criar uma comunidade baseada na cooperação entre os diferentes estados europeus, que garantissem a paz no Velho Continente, se tenha agora vergado a um partido financiado por Putin, que tem como principal inimigo a União Europeia e os seus fundamentos.

Esta derrota francesa ainda que indireta, soma-se a várias outras no continente africano, aonde a Rússia de Putin tem ganho cada vez mais influência nos países francófonos, ameaçando a fronteira de interesses franceses, que dada a proximidade ao continente europeu, sobretudo no SAHEL, coincide com a fronteira de interesses da UE, sendo uma região fundamental para salvaguardar a segurança e defesa europeia.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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