Do discurso proferido pelo Primeiro-ministro de Portugal durante a visita do Secretário-geral da NATO, destaco a referência que fez à importância geoestratégica para a NATO, dos arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, duas ex-colónias portuguesas e membros da CPLP. Relativamente a Cabo-verde ainda destacou, que a NATO deveria aprofundar a cooperação, ou mesmo pensar na sua integração como novo membro da Organização.
Para os EUA o controlo destas ilhas no Atlântico Sul, ê um objetivo relevante na sua competição estratégica com a China, porque para além de ser um “check point” importante, para o controlo das rotas comerciais que passam pela rota do Cabo, e de concomitantemente serem autênticos porta-aviões naturais, necessários para quaisquer eventuais operações militares em África, mas acima de tudo para contrariar o objetivo estratégico chinês, que se pode resumir ao lema de “One toad, one belt”, ou seja, de conseguir dominar a antiga rota terrestre da China, e simultaneamente a rota marítima do Cabo, que termina em Lisboa.
Relevo que a União Soviética, na altura da Guerra-fria, tinha em São Tomé e Príncipe uma estação de rastreio de satélites, e que a China vai também construir um Porto no arquipélago.
Embora para a NATO, estes arquipélagos estejam “out of area”, pois estão situados no Atlântico Sul, os EUA seu líder, ou o seu sócio maioritário, só terá interesse nesta Organização, se ela servir o seu próprio desígnio estratégico, de conter e de não deixar a China tornar-se a Superpotência líder do mundo.
Portugal desta forma, pretende reganhar importância estratégica na Organização, pois pode servir de ponte no estabelecimento destes contatos, e mesmo de os liderar, compensando dessa forma politicamente, a impossibilidade de financeiramente lhe ser difícil investir mais de 3% em defesa.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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