Opinião

Portugal integrará uma Força de Evacuação de cidadãos Europeus do Afeganistão

De acordo com as declarações do Sr. Presidente da República, Portugal irá integrar uma força, de carácter humanitário, para retirar cidadãos europeus e afegãos que tenham colaborado diretamente com as forças aliadas e da União Europeia, no Afeganistão. Recordo que a formação da polícia Afegã estava a cargo da União Europeia, pelo que existirão várias equipas de assessores no terreno .

Portugal foi dos primeiros países aliados a enviar forças militares para o Afeganistão, tendo enviado no total, ao longo dos tomos 20 anos, cerca de 4500 militares.

Todos os contingentes portugueses enviados para o Afeganistão precisaram de tradutores, por vezes mais que um, sobretudo no início da operação, em que tínhamos uma missão de assessoria militar ao comando de uma força escalão divisão, e que enviávamos, juntamente com a equipa de assessoria militar, uma pequena força para efetuar o apoio logístico e a segurança dos mesmos, não nos limitando como nos últimos anos a efetuar a Segurança do Aeroporto, pelo que é nossa obrigação moral recebermos em Portugal, no mínimo, os tradutores que connosco trabalharam nos últimos 20 anos e suas famílias, cujas vidas estão em perigo com a assunção dos Talibã ao poder.

Curiosamente, assessorámos o Comandante de uma força de escalão divisão, força que o Exército Português, já não dispõem, nem treina há vários anos. Fizemos o nosso melhor, embora fosse uma missão desadequada para o nosso Exército, pelo que temos uma pequena “quota parte” de responsabilidade na ineficácia demonstrada pelas Forças Afegãs perante o avanço Talibã.

A nova força que se diz vamos integrar no âmbito da UE, após o colapso do Governo Afegão, destina-se a evacuar cidadãos da União e da NATO e refugiados ou, o mais provável, acolhê-los em Portugal, dado que os aviões que podemos vir a colocar à disposição da mesma, os C130, são movidos a turbo-hélice, e têm uma pequena capacidade de transporte de pessoal.

A operação em causa será uma eventual operação designada por “Ecacuation Operations” , evacops, no âmbito das missões de Peteresberg tipificadas na União Europeia.

Pelas informações que disponho, irá hoje haver uma reunião de ministros dos negócios estrangeiros da União, para debater o assunto do envio dessa força, que espero sinceramente que já esteja concorrentemente a ser planeada em termos militares, pois se eventualmente o não estiver, demorará tempo demais do pouco que existe para ser eficaz, até estar operacional.

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva