Mafra e os seus carrilhões
O Título deste livro da autoria de Ernest Hemingway pareceu-me perfeito para titular a minha crónica semanal relativa ao concerto de carrilhões efetuado na Vila de Mafra no dia 2 de fevereiro do corrente ano, para marcar o primeiro concerto destes pós 25 anos de silêncio, dado o perigo eminente de queda dos sinos e consequente eventual desabamento das torres sineiras da Basílica, caso alguém tivesse a ousadia de os tocar.
Desta vez os sinos dobraram de alegria por terem quebrado o jejum a que estiveram impostos pelas vicissitudes da sua vetusta idade, ou da incompetência de quem fez a sua manutenção última na qual, conforme reza a voz-da-caserna, foram erradamente pintados os barrotes da secular madeira que suportavam os sinos dos dois carrilhões. Como sabemos madeira pintada é madeira que não respira e que tem tendência a facilmente apodrecer.
Confesso que, numa das manhãs do mês transato ao olhar para as torres sineiras da Basílica de Mafra, pós o novo restauro dos carrilhões, fiquei admirado de não ter visto os já históricos andaimes de metal tubular, amparando os dois conjuntos sineiros,que inicialmente provisórios pareciam ter passado a definitivos, não fosse a sinergia de vontades das várias entidades públicas responsáveis pelo Real Edifício de Mafra, magistralmente lideradas pelo Presidente da Câmara Municipal de Mafra,terem definido como objetivo conseguir que o património edificado por D. João V no Concelho de Mafra fosse classificado pela UNESCO como Património da Humanidade.
Como Militar apreciei a Operação de “Guerra Psicológica” conduzida pelo Camarada Hélder Sousa e Silva, que para conseguir desbloquear junto do Governo as verbas necessárias para a reparação célere dos carrilhões, mandou entaipar a base das duas torres da Basílica, e chamou “os media” para os informar dos riscos inaceitáveis de uma eminente queda do sinos que a acontecer poderia provocar perdas de vidas humanas e inclusive danificar irremediavelmente as duas torres sineiras. Esta operação “psicológica”resultou em pleno, os carrilhões foram recuperados atempadamente, pelo que o Presidente passou à fase seguinte, o da realização de um épico concerto que marcasse o fim do silêncio imposto aos carrilhões.
A ordem de operações para o concerto foi bem gizada, e o concerto do passado dia 2 de fevereiro foi um sucesso, o programa e os músicos eram excelentes, facto que atraiu imenso público à Vila, bem como contou com a presença dos principais “media” nacionais que o relataram e elogiaram nacional e internacionalmente. Não me recordo de ter visto a Vila de Mafra tão cheia de público e de entidades governamentais, religiosas e militares
Está pois de parabéns a população de Mafra e o seu edil, só tenho em relação ao evento um pequeno reparo a fazer relativo ao tempo de escoamento do trânsito no final do concerto e à não abertura das várias pastelarias do centro da Vila, embora esses factos sejam alheios à extraordinária organização.
Nuno Pereira da Silva
Coronel de Infantaria na Reserva
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