Francis Fukuyama escreveu um livro pós-guerra-fria em 1992, com o título “O fim da História e o último homem”, onde sinteticamente se referia ao triunfo do modelo económico liberal, como o único modelo a seguir, após o colapso do comunismo, facto que em minha opinião duma forma geral está correta, mas há algumas exceções, bem como vários conceitos de liberalismo económico.
Como todos os cientistas políticos, Fukuyama pegou nos acontecimentos, que na altura tinham estado a ocorrer, e com a análise que deles fez tentou traçar uma análise prospectiva.
Quem trabalha nestas áreas, normalmente ocorre nesse erro, pois participei ativamente na elaboração de análises prospectivas na União Europeia, quer na elaboração do célebre Documento Solana, a primeira tentativa de pôr de pé um pensamento estratégico enquadrante para a área de Segurança e Defesa da UE, bem como um documento enquadrante, que estabeleceu a Agência Europeia de Defesa, e em ambos os documentos estes refletiam bem o presente e eram muito limitados relativamente ao estabelecimento duma visão futura, algo que era o objetivo de ambos.
É importante relembrar Adriano Moreira, que a este respeito referia sempre, que se porventura tiverem a veleidade de prosperar o futuro, façam-no pelo menos para que este só se inicie num prazo superior a 50 amos, para não correrem o risco de se enganarem. E eventualmente ainda estarem vivos.
À laia de curiosidade fui um dos relatores do Grupo de Segurança e Defesa da SEDES e apresentei o relatório no grande Congresso da Instituição, que decorreu em novembro de 2021, e nenhum dos membros do Grupo, foi capaz de prosperar que a Rússia iria invadir a Ucrânia em fevereiro, pelo que desconfio que a incerteza é realmente .o único princípio que rege o futuro.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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