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Os necessários fundos para reindustrializar a Europa da defesa

Desde 2000 que se tenta saber exatamente o que todos os Estados-membros têm efetivamente em termos de inventário de defesa, quer em meios militares quer em reservas, e destes quais são efetivamente capacidades militares, com guarnição e treino, algo inglório, pois nenhum o quer transmitir, penso que por mais do que por questões de soberania, é por uma questão de falta de confiança, ou seja, nem a NATO possui este inventário, embora tanto a UE como a NATO possam extrapolar esta informação por fontes abertas e outras.

Não sabendo ao certo torna-se difícil saber exatamente quais são as verdadeiras lacunas, para se poder plabear a sua aquisição para curto e médio-prazo.

Todos os exercícios de planeamento de meios para futura aquisição, tem partido na UE, ao contrário da NATO, por tudo solicitar e saber de forma voluntária, algo que poderá ter mais sucesso na idiossincrasia europeia do que as imposições americanas, às quais os estados assinam, fazem que fazem, mas não fazem, como é o nosso caso, que vamos mentindo e iludindo há anos quer na NATO, quer na UE.

A criação da Agência Europeia de Defesa, da qual eu estive em tidas as reuniões que levaram à sua génese, nasceu não só para facilitar a aquisição de armamento como a NAMSA da NATO, mas para de uma forma holística, tentar através de mecanismos de cooperação voluntária entre Estados-membros criar as condições para se desenvolverem novos projetos, com novas tecnologias para desenvolver novas capacidades, como para potenciar as já existentes, como por exemplo criar escolas de formação de pilotos europeias, tendo Portugal integrado este projeto para no futuro formar pilotos de helicópteros.

Há alguns projetos de cooperação de capacidades em cooperação estruturada permanente, em que no seu desenvolvimento se juntam sinergias de universidades, indústrias e técnicos dos estados-membros e da EDA que com os seus técnicos pilota os projetos, mas sobretudo esta agência lá existente vai ser o output, desta nova fase de em coordenação com a comissão, e com os dois fundos europeus, o FAST e o EDIAP, desenvolverem novas capacidades e efetuar aquisições conjuntas de material, que à semelhança do que aconteceu aquando da aquisição das vacinas do Covid, poderão ter valores mais baixos pela escala do negócio.

A Agência deverá passar a ser liderada no topo pelo novo Comissário da Defesa que deverá simultaneamente vir a pertencer, double-hated ao conselho, que liderará a já existente na EDA, cúpula política em que se sentavam e continuarāo a sentar os Ministros da Defesa.

Sem este passo, ou seja, sem a EDA seria muito difícil de uma forma holística a UE dar este passo para reindustrializar a Europa em termos de defesa.

O caminho faz-se caminhando, e tenho muito orgulho em ter contribuído para ele, tendo estado em todos os fora, onde se realizaram todos os Brain stormings, produziram-se documentos iniciais e se concretizaram projetos como o da EDA, para o qual me convidaram a integrar, mas que a falta de visão da estrutura militar onde servia , me impossibilitou de o fazer, mais por falta de abertura e visāo do que por dolo, pois em Portugal só existia e ainda existe uma visão atlântica da defesa.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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