Geral Opinião

Os conceitos de estado moderno e de democracia pluripartidária no Médio Oriente, são uma utopia

Nos países do médio oriente, como é o caso do Iraque, os bilhetes de identidade dos cidadão são grande, quase do tamanho duma folha A5 espelhando toda  a informação importante, identificando a pessoa por completo. 

Para além da informação que um cidadão dum país ocidental tem inscrito no seu cartão de identificação, estes têm outras informações nomeadamente a identificação da família, da tribo e da religião que professam.

Estes dados são muito completos, e refletem a idiossincrasia do país, e como estes funcionam, daí que a família era quem tinha poder é um sistema em que o nepotismo é a única forma de escolha, para exercerem altos cargos da administração, seguidamente são as pessoas das tribos ou clãs, pois todas elas têm milicias para se defenderem.

Estas estruturas tribais mesmo nas grandes cidades, vivem em bairros separados por tribos e com milicias, e que cada tribo tem um partido que concorre nas eleições, e que estão representadas na segunda câmara do seu parlamento.

As realidades no Médio Oriente são muito diferentes do que aquilo que imaginamos, e Israel sabe-o bem, pois sabe que se derem força às tribos, evitam a formação dum Estado Palestiniano, pois a entidade estado é uma organização exporia a estes povos.

Dando força às tribos na Palestina nunca haverá um estado homogéneo em Israel, nem no Médio Oriente, como um todo, haverá emirados homogéneos, e várias milícias.

No Iraque, estado  nascido por vontade de Churchill, quando era ministro das Colónias, nem o Primeiro-ministro Britânico na altura, acreditou que esse Estado, alguma vez pudesse ser viável, e como esse outros que Churchill também deu à luz, tal como a região da Arábia Saudita, aonde colocou à frente do Estado a família Ben Saúd, cuja tribo tomou conta do poder, derrotando as outras, e autocraticamente, e exerce-o no território , tendo como religião a Islâmica, nomeadamente a sunita, wahabita como farol.

Os Wahabitas são fundamentalistas Islâmicos, tão rígidos como a Irmandade muçulmana, só que a primeira é a adotada pelas monarquias do Golfo e a segunda nas republicas.

Na região, em minha opinião, é muito difícil estabelecerem-se democracias liberais pluripartidárias, pois as tribos, e no caso do Iraque que conheço bem, têm todas um partido, que nada têm de ideológico, nem apresentam novidades, nem alternativas, no referente à governança, à economia, ou à defesa, bem como que a lei vigente será inexoravelmente a Sharia, sendo a administração da justiça exercida por juízes, que são na sua maioria fanáticos religiosos.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma