Evento comemorativo do 10º aniversário da Reserva Mundial de Surf da Ericeira procurou caminhos que possam conduzir este segmento económico à sustentabilidade.
O “Surfing Tourism”, nas suas diversas vertentes e impactos, tanto ao nível da Ericeira como doutros destinos de ondas, foi o tema central da terceira Digital Talk do Ericeira WSR+10, realizada ontem à tarde no anfiteatro do Parque de Santa Marta, com vista para as Furnas, um ponto emblemático da vila “onde o mar é mais azul”.
Esta sessão do evento comemorativo do 10º aniversário da Reserva Mundial de Surf da Ericeira dividiu-se em dois momentos: um painel de apresentações e, depois, uma mesa redonda com perguntas e respostas.
A conferência, iniciada pelas 14:30 horas e terminada pouco antes das 19 horas, foi apresentada pelo Director da Área de Inovação e Redes Colaborativas do Ericeira Surf Clube (ESC), Miguel Toscano, subindo depois ao púlpito Célia Batalha Fernandes, Vereadora da Câmara Municipal de Mafra.
A responsável pelas áreas da Diplomacia Económica, Desporto, Mar e Turismo abriu a sessão de trabalhos destacando a importância do turismo de surf para o concelho e aproveitou a ocasião para falar sobre o processo de certificação de Mafra como destino sustentável, cujo plano de ação foi apresentado na manhã que antecedeu esta Digital Talk, também no anfiteatro do Parque de Santa Marta. A descompressão da zona costeira e uma melhor distribuição dos turistas pelo interior do município foram apontadas como ações prioritárias, considerando-se também necessário manter a identidade da Ericeira, com as suas característica e tradições genuínas.
Pelo painel inaugural passaram Filipa Cardoso (Directora de Comunicação e Marketing Digital do Turismo de Portugal), João Paulo Jorge (Investigador do Núcleo de Investigação em Surfing e docente da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar – Instituto Politécnico de Leiria), Frederico Teixeira (Event Manager da Ocean Events e da World Surf League em Portugal) e José Maia, fundador da GMT Hospitality e responsável pela organização desta conferência.
Filipa Cardoso demonstrou como o Turismo de Portugal tem recorrido ao surf para promover o nosso país e o respetivo território e potencialidade turísticas, apontando três ideias para o futuro: especialização, economia do produto e sustentabilidade. Por seu turno, João Paulo Jorge falou sobre turismo costeiro, planeamento e sustentabilidade, destacando as ameaças representadas pelas alterações climáticas à linha costeira e o licenciamento das escolas de surfing, que recentemente passou para a esfera do município de Mafra.
Após Frederico Teixeira ter realizado uma retrospetiva sobre os eventos de surf em Portugal, desenvolvendo o projecto Portuguese Waves, José Maia protagonizou uma apresentação mais virada para o futuro, comparando o fenómeno do turismo do surf com o das estâncias de ski e apresentando o modelo dos ciclos de ascensão e decadência ou reinvenção dos destinos turísticos, aplicando-o ao caso da Ericeira, atualmente considerado em fase de desenvolvimento como destino turístico de surf.
Depois dum Surf Break, seguiu-se a mesa redonda, moderada pelo jornalista e comentador de surf Miguel Pedreira, em que aos protagonistas do painel inaugural se juntaram Margarida Antunes (Vila Galé Ericeira) Alexandre Grilo (Lapoint) e Francisco Ourique, da 2ii, respondendo a perguntas sobre o futuro do turismo de surf na Ericeira e outras temáticas paralelas.
O encerramento da sessão coube a Miguel Toscano, que trouxe novidades sobre o projeto EWSR+10, resumindo também esta Digital Talk através duma mão cheia de ideias-base para o futuro: aposta na valorização e na diferenciação do produto ou serviço, potenciando as vantagens competitivas e competências distintivas do território; a comunicação do surf deve ser cada vez mais lateral e emocional, de forma a reforçar os seus valores; apostar na organização de uma fileira de turismo capacitada para acolher bem os turistas e para estruturar experiências alinhadas com as suas necessidades e expectativas; acompanhar as mudanças no perfil do consumidor do surfing, cada vez mais exigente em termos de qualidade de serviço; e a necessidade da fileira do turismo apostar na sensibilização e educação do consumidor, de forma a desenvolver uma consciência ambiental, fazendo de cada turista um embaixador de sustentabilidade – uma vez que só faz sentido falar de turismo sustentável quando tivermos um negócio em equilíbrio com a Natureza.
No que toca a novidades, o Diretor da Área de Inovação e Redes Colaborativas da entidade promotora do EWSR+10 anunciou um trio de conferências extra em relação ao previsto originalmente, que serão dedicadas ao Digital, à Inovação e à Educação e Inclusão.
O dirigente desportivo terminou a sua intervenção referindo o inquérito em curso no âmbito do EWSR+10 (que visa recolher dados para o estudo de impacto sobre os 10 anos da Reserva Mundial de Surf da Ericeira), cujo prazo de resposta foi alargado até ao dia 31 de Agosto, e realizando agradecimentos aos restantes Guardiões da Reserva e aos parceiros estratégicos do EWSR+10.
Após esta conferência, que pode ser (re)vista aqui, estão previstas mais duas no âmbito do EWSR+10:
- “A RMSE & o Desporto e a Catividade Física”, a 23 de Setembro;
- “A RMSE & a Sustentabilidade”, no dia 8 de Novembro.
Este projeto liderado pelo ESC e financiado pelo programa Erasmus+Sport da Comissão Europeia, terá alguns dos seus momentos mais marcantes na semana de 14 de Outubro de 2021, data da consagração da Ericeira como Reserva Mundial de Surf, com um evento que contará com a presença de 11 comitivas de parceiros europeus.
A Reserva Mundial de Surf da Ericeira é a única existente no continente europeu, integrando uma rede global sob a tutela da Save the Waves Coalition, associação internacional que criou este programa com o objectivo de preservar e promover regiões costeiras com ondas de qualidade ímpar – na Ericeira trata-se duma faixa costeira de 13 quilómetros que inclui sete ondas de características únicas (Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave, Crazy Left, Coxos e São Lourenço), as respetivas paisagens e ecossistemas.
As entidades Guardiãs da RMSE são a Câmara Municipal de Mafra, o Ericeira Surf Clube, a Associação dos Amigos da Baía dos Coxos e a SOS – Salvem o Surf.
O Ericeira WSR+10 é um evento promovido pelo Ericeira Surf Clube e financiado pela Comissão Europeia, contando com o apoio do Município de Mafra.
Todas as informações relevantes sobre o Ericeira WSR+10 podem ser consultadas online, nas respetivas redes sociais ou no site oficial do evento:
O Ericeira WSR+10 conta com os seguintes Media Partners: Antena 1, Fuel TV, Visão, Beachcam, SurfTotal, Vert, SurfZine, Mafra TV, Rádio do Concelho de Mafra, AZUL – Ericeira Mag e O Ericeira.
Adicionar comentário