O secretário-geral da NATO Mark Rutte, afirmou publicamente que os aliados vão ter de investir mais na sua defesa, e consequentemente na defesa coletiva que a instituição que dirige, tem garantido à Europa desde a sua fundação.
Na sua declaração o secretário-geral da NATO expressava mesmo que, a contribuição obrigatória dos países da aliança para a defesa coletiva, deveria passar dos 2% do PIB, para 3%, o que para alguns países, como é o caso de Portugal, que ainda não atingiram a meta dos 2% me parece uma miríade.
No seu discurso Mark Rutte afirmou mesmo que se fosse preciso cortar, para se atingir o objetivo dos 3%, que se cortasse nas pensões e na saúde, algo que me parece difícil de almejar, quando não estamos diretamente empenhados numa guerra, pois a população não iria entender, e os governos dos países que optassem por tomar essas medidas, certamente cairiam em eleições futuras, algo que nenhum governo quer que aconteça.
Como militar percebo a necessidade de se aumentarem as despesas com a defesa, no entanto não estando a NATO diretamente em guerra, não podemos ter uma economia de guerra, que nesse caso poderia chegar aos 50% do PIB, como é o caso atual da Rússia.
A UE tem que optar neste domínio e em conjunto, por investir em indústrias de defesa europeias, tecnologicamente evoluídas, desenvolver novas capacidades, para isso tem de investir em I&D, e em vez de adquirir 70% do seu material de guerra aos EUA, como faz até ao presente momento, com custos astronómicos na aquisição e manutenção do mesmo, deve passar a adquirir no mercado interno a preços mais competitivos.
Para além do preconizado supra, a UE enquanto não conseguir ser autossuficiente em termos de produção de material militar, deve fazer aquisições conjuntas, para embaratecer o produto, como fez com as vacinas, bem como deve eventualmente endividar-se coletivamente para o fazer.
Se conseguirmos ser autossuficientes em termos de material militar, ainda podemos almejar em o vender, pois como sabemos estas indústrias são extremamente rentáveis.
A UE tem capacidades para o fazer, se houver vontade política, porque tem academias, e investigadores para o concretizar, bem como tem capacidades económicas em conjunto para o concretizar, nem que tenha que lançar impostos extraordinários para o conseguir fazer.
É claro que se a opção da UE for a que explanei, Trump ficará desapontado porque com esta obsessão dos 3% de investimento na defesa a curto-prazo, tem unicamente como objetivo favorecer a indústria de defesa dos EUA.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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