Arte & Cultura Geral

O potencial do corpo em movimento

A Companhia de Dança de Almada esteve no sábado em Mafra, 3 anos depôs de cá ter estado a apresentar o espetáculo “SubRosa”.

O espetáculo “The Process of Burning in Reverse” da Companhia de Dança de Almada que foi estreado em setembro de 2024 em Almada, como parte da 32.ª edição da Quinzena de Dança de Almada, assinala o centenário da morte de Franz Kafka.

O título da obra é uma metáfora para o incumprimento do último desejo de Kafka – que Max Brod queimasse todos os seus manuscritos após a sua morte. Contrariando a vontade do autor, o seu amigo e confidente optou por preservar os escritos e desenhos, assegurando o impacto da obra de Kafka e perpetuando algumas das obras mais relevantes da literatura do século XX.

A coreógrafa São Castro tem desenvolvido uma pesquisa focada na relação entre palavra e corpo, utilizando o conceito de “corporização das palavras“, como o movimento pode tornar-se uma extensão cénica das palavras, sem depender da linguagem verbal.

Em “The Process of Burning in Reverse”, o corpo dos bailarinos da Companhia de Dança de Almada assume a missão de criar um discurso não-verbal que, mesmo abstrato, transmite todo o conteúdo das narrativas de Kafka.

Conceção e coreografia: São Castro.
Interpretação: Bruno Duarte, Inês Barros, Lúcia Salgueiro, Mariana Romão, Raquel Tavares, Vítor Afonso.
Música: Michal Jacaszek, Stefan Wesolowski, William Basinski, Rimbaud, Davidson Jaconello, Woodkid & Nils Frahm, excertos sonoros do filme “The Trial” de Orson Welles.
Figurinos: Nuno Nogueira.
Luzes: São Castro e Hugo Franco.
Sonoplastia: São Castro.
Apoio à cenografia: SO.MA.
Assistência à conceção dos figurinos: Ana Alves.
Direção de ensaios: Maria João Lopes.
Apoio a residência artística: Teatro Viriato

Um bom regresso desta companhia a Mafra, com um excelente espetáculo de dança contemporânea. Pena a plateia não ter esgotado, a companhia merecia uma casa cheia.

Fotografias e texto de Carlos Sousa/ KPhoto