Geral Opinião

O paradigma da dissuasão baseada unicamente no armamento nuclear mudou

O clima não está a ajudar a Ucrânia na sua luta contra a invasão russa, que agora conta com o apoio direto de forças da Coreia do Norte, pois não tem havido chuva suficiente para tornar o terreno intransitável, pelo que os Fussos continuam a sua progressão em toda a frente e contra-atacam desesperadamente em Kursk.

Os russos pressentem que com Trump no poder, este vai pressionar para que o conflito se congele nas posições que forem conquistadas até ao dia da conclusão de eventuais acordos de paz, que venham a ser firmados por levem ao fim da guerra, e estão a fazer um esforço hercúleo  para conseguirem, até essa data, conquistar o máximo possível de território e repor as suas fronteiras em Kursk, território que os ucranianos têm de manter a todo o custo, pois poderá ser relevante, pela sua mais-valia, numa eventual troca de territórios, que lhe possa ser vantajosa.

Sem o apoio dos EUA e apoio direto com Forças Armadas de países europeus, que o queiram voluntariamente fazer, através de acordos bilaterais de defesa, sem envolver a NATO, a Ucrânia terá de ceder, pois já não tem recursos humanos, nem materiais suficientes, para conseguir reaver o seu território, mas essa opção parece continuar a não se colocar entre os aliados, pois reforços com Forças Armadas de outros estados, só parece serem permitidos à Rússia, que parece poder escalar a guerra à vontade, sem que o Ocidente reaja.

Eu sei que a dissuasão nuclear tem funcionado, e não tem havido utilização de armas desse tipo, nem vai haver, no entanto, constato que atualmente o facto de um determinado estado possuir forças nucleares, já não é garantia suficiente para que não seja atacado,  com Forças e Armas convencionais, ou seja, o paradigma da guerra-fria mudou, como pudemos ver no ataque Ucraniano a Kursk, ou nos os ataques diretos e indiretos do Irão a Israel.

Se o paradigma da dissuasão nuclear mudou, como parece ter mudado, a Europa tem mesmo que se rearmar com meios convencionais, sob risco de não conseguir suster nenhuma eventual ameaça.

Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

Acerca do autor

Nuno Pereira da Silva

Coronel de Infantaria na Reserva

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