Guterres irritou os israelitas, que sendo uma potência regional sob proteção dos USA, ou por outras palavras um Estado-clente destes, não quer ver o seu poder limitado por uma Organização Multilateral Global, as Nações Unidas (UN), a que jocosamente chamam há anos de United Nothing, que deveria ser o espaço por excelência para promover a paz e o respeito pelo Direito Internacional, não fora o seu Conselho de Segurança estar refém do poder de veto das potências saídas da II Guerra Mundial , que não deixam que os seus aliados ou protetorados, sejam importunados, dando-lhes carta branca para tudo fazer.
Guterres, católico praticante, tal como o Papa tem que tentar usar o seu poder de influência, o único que lhe resta e de que ainda dispõem, para alertar contra as graves e contra os crimes contra a humanidade, cometidos nas diferentes guerras, e em especial pelos israelitas enm Gaza e pelos russos na Ucrânia.
Claro que de acordo com Direito Internacional, Israel tem o direito de se defender, quando a sua segurança for colocada em perigo, no entanto deve fazer a guerra de acordo com as normas do Direito Humanitário da Guerra, pois mesmo as guerras têm que ter limites éticos e ou morais.
Estamos a assistir a uma nova Ordem Mundial, onde o liberalismo e o multilateralismo que é a expressão máxima dessa doutrina política, está a ser tremendamente combatido, estando o realismo e a estratégia a ganhar cada vez mais protagonismo e inversamente a ONU, está a ser paulatinamente substituída por organizações como o G7 e os BRICS, que inicialmente eram grupos informais, mas que se estão transformando em formais, e cada vez com mais poder, ou seja, as potências que nelas se reúnem, estabelecem novas organizações onde se juntam aliados, estados-clientes e que se não falam entre si.
Portugal há séculos que estabelece alianças para conseguir sobreviver como Estado Independente, pelo que nestas novas configurações de poder, tem que estar atento, por forma a não ser surpreendido, pois infelizmente, para um Estado com a dimensão e o poder do nosso país, o multilateralismo é o sistema que nos dará mais vantagens, razão pela qual o deveríamos defender.
A NATO e principalmente a UE têm que se armar, pois a paz Kantiana, é cada vez mais a paz dos cemitérios, neste mundo cada vez mais perigoso.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma
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