Um dos pressupostos identificados, para que os acordos de Mar-al-Lago resultassem, estava relacionado com o facto de terem de renegociar a sua dívida externa, por forma a dilatar os prazos de pagamento da mesma, para cinquenta ou mais anos, e de preferência transformá-las em dívidas eternas.
Sendo a China detentora da segunda maior dívida chinesa, esta com o aumento desmesurado das tarifas que os EUA lhe impuseram, poderá retaliar também pressionando-o com a venda de títulos de dívida americanos maciçamente no mercado secundário, o que implicaria que os juros da dívida americana aumentassem exponencialmente, bem como aumentaria a volatilidade financeira dos mercados globais , prejudicando-o o que prejudicaria a economia americana, e outras a ela muito expostas.
Para além do referido as dívidas dos EUA, cujos prazos de pagamento estejam a findar, estes poderão, ter de as saldar sem as conseguir vender no mercado da dívida com juros aceitáveis, nem poderão negociar extensão dos seus prazos, que era uma das apostas dos acordos de Mar-al-Lago.
Claro que estas medidas têm riscos, e que têm de ser bem medidos, no entanto uma guerra comercial com tarifas desta monta terá consequências, que poderão impactar em vários domínios, sendo a do mercado da dívida um deles.
Nuno Pereira da Silva
Coronel na Reforma

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